A recessão mundial provocou uma queda sem paralelo nas emissões de gases de efeito estufa, abrindo uma "oportunidade única" para que o mundo reduza sua dependência do modelo de crescimento baseado em carbono. A avaliação faz parte de um estudo da Agência Internacional de Energia, o primeiro sobre o impacto da crise sobre as emissões de gases responsáveis pelo aquecimento global.
Segundo a agência, o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis teve uma uma "redução significativa" este ano - a maior em 40 anos. A queda será ainda maior que a registrada durante a recessão de 1981, que veio após a crise do petróleo. A diminuição da produção industrial é a maior responsável pela redução das emissões, mas outros fatores também foram importantes, entre eles a suspensão de planos de obras de muitas usinas termelétricas a carvão devido à retração da demanda e falta de crédito.
Pela primeira vez, políticas governamentais também tiveram um impacto importante no corte de emissões. A AIE estima que cerca de 25% da redução se deveu a regulamentações - uma proporção "sem precedentes", diz o estudo. Três iniciativas deram mais resultado: a meta adotada pela União Europeia de reduzir as emissões em 20% até 2020; os padrões americanos para emissões de carros; e as medidas de maior eficiência energética da China.
O economista-chefe da AIE, Fatih Birol, diz que a redução das emissões foi "surpreendente" e que pode fazer com que as reduções de emissões defendidas pelos cientistas para deter o aquecimento fiquem "muito menos difícil". "Temos uma nova situação, com as mudanças na demanda por energia e o adiamento de muitos investimentos em energia", disse Birol. "Mas isso só tem efeito se conseguirmos fazer uso dessa janela de oportunidade. [Ou seja,] um acordo em Copenhague.
O estudo da AIE que fala da redução das emissões é parte do relatório anual sobre energia no mundo, que será publicado em novembro. O trecho será divulgado no início de outubro - em tempo de municiar líderes políticos e negociadores que participarão das últimas sessões de debates que antecedem a conferência climática de Copenhague.
(Por Fiona Harvey, Financial Times / Valor Econômico, 21/09/2009)