Uma empresa multinacional de comércio de petróleo anunciou neste domingo (20/09) um acordo para pagar compensação financeira a milhares de pessoas na Costa do Marfim que dizem ter ficado doentes por causa de lixo tóxico despejado na capital do país, Abdijan, em 2006.A empresa Trafigura, que tem escritórios em Londres, Amsterdã e Genebra, diz que 30 mil pessoas receberão cada uma o equivalente a R$ 2.700.
O pagamento, num total de US$ 45 milhões (cerca de R$ 82 milhões), será feito em adição aos quase US$ 200 milhões (cerca de R$ 363 milhões) que a companhia pagou ao governo da Costa do Marfim em 2007. A Trafigura e os advogados dos autores da ação concordaram que não ficou provada uma ligação entre o lixo despejado e mortes. Um comunicado conjunto da empresa e dos advogados britânicos que representam os marfinenses diz que no máximo o lixo provocou sintomas semelhantes ao da gripe.
Sintomas
O lixo químico foi gerado pela Trafigura e transportado em um navio para a Costa do Marfim. Em agosto de 2006, caminhões despejaram os dejetos em 15 locais em torno de Abdijan, a maior cidade do país. Nas semanas que se seguiram ao despejo do lixo, dezenas de milhares de pessoas relataram uma série de sintomas parecidos, incluindo problemas respiratórios, vômitos e diarreia.
Na última quarta-feira, um relatório das Nações Unidas sugeriu que há uma forte ligação entre pelo menos 15 mortes e o despejo do lixo tóxico. O relatório disse que há “uma evidência primária forte de que as mortes e as consequências de saúde adversas relatadas estão relacionadas ao despejo do lixo”.
A Trafigura classificou o relatório da ONU como prematuro e errado. “Estamos abismados com a falta básica de balanço e de rigor analítico refletida no relatório”, diz o comunicado da empresa.
Empresa contratada
A Trafigura sempre insistiu que não era responsável pelo despejo do lixo, já que ele havia sido transportado por uma outra empresa contratada para isso. A multinacional também nega que os dejetos – resíduos de gasolina misturados com lavagens cáusticas – poderiam ter provocado os problemas de saúde sérios que os marfinenses alegam, que incluem queimaduras de pele, sangramento e problemas respiratórios.
Em 2007, a empresa concordou em pagar quase US$ 200 milhões ao governo da Costa do Marfim para “compensar as vítimas”, entre outras coisas. O fundo administrado pelo governo pagou compensações às famílias de 16 pessoas cujas mortes eles acreditavam que haviam sido causadas pelo lixo tóxico.
(BBC Brasil, 20/09/2009)