Lula enfrentou o sufoco da BR 116 e autorizou a construção da BR 448. Comitiva presidencial ficou retida em congestionamento ao se deslocar de Canoas para Sapucaia do Sul
O presidente Lula vivenciou nesta sexta (18/09) um drama enfrentado diariamente por milhares de gaúchos: o congestionamento da BR 116. No deslocamento entre a Base Aérea de Canoas e Sapucaia do Sul, ele ficou preso no engarrafamento que se formou próximo da Praça do Avião, em Canoas, um dos pontos mais críticos da rodovia. Ao chegar na interseção da BR 116 com a RS 118, onde foi assinada a autorização do início das obras da BR 448 e da duplicação da BR 392, Lula constatou as ausências da governadora Yeda Crusius e do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e desabafou.
'Estamos diante de um ato institucional do governo federal e não partidário. Um presidente da República tem que se relacionar com os entes federados para que possamos criar condições civilizadas de fazer as coisas. Lamentavelmente estamos chegando perto de um ano político e essa coisa começa a atrapalhar', considerou.
Na chegada, Lula foi alvo de vaias que partiam de manifestantes quilombolas e grevistas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), mas não perdeu o humor. Tentando abafar as manifestações contrárias ao presidente, a militância petista presente à solenidade gritou em coro: 'Ucho, ucho, ucho, Lula é gaúcho'.
Na sequência, Lula aproveitou para dar um conselho aos trabalhadores dos Correios, que inclusive faziam uso de instrumentos de percussão na tentativa de tumultuar o evento. 'Não precisam me ouvir, mas vou dar um conselho a vocês. O bom dirigente sindical é o que tem coragem para iniciar uma greve e admitir quando é o momento de terminar a greve', assinalou.
Conforme o presidente, as reivindicações podem resultar em prejuízos aos trabalhadores. 'E é por isso que tem que saber que é hora de voltar a trabalhar', aconselhou. Lula afirmou que em seu governo os salários dos servidores dos Correios dobraram, destacando que a proposta apresentada à categoria pela direção da ECT é razoável. 'É importante que a vanguarda do movimento grevista, em nome de diferenças políticas, não acabe por prejudicar os trabalhadores por conta do desconto dos dias parados', sintetizou.
Lembrando o tempo de sindicalista, Lula afirmou que os atuais líderes sindicais precisam mudar o discurso e aprender a não brincar com a vida dos trabalhadores. Aos integrantes do Quilombo dos Silva e da Chácara das Rosas, o presidente prometeu formalizar a assinatura das titulações, totalizando 41 áreas, na primeira quinzena de outubro. A solenidade transformou-se também num ato em defesa do pré-sal.
(Por Luciamen Winck, Correio do Povo, 19/09/2009)