A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores analisa um projeto de origem do Executivo que pretende implantar a capina química em Caxias do Sul. O uso de agrotóxicos para a limpeza das ruas foi vetado em 2004. Agora, a prefeitura quer regularizá-lo alegando altos custos com a capina feita com roçadeira ou produto orgânico dessecante. Um dos argumentos para a apreciação da proposta é por competir ao município sua regularização, desde que haja licenciamento no órgão ambiental competente, ou seja, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
A Companhia de Desenvolvimento em Caxias (Codeca) alega que desenvolveu o plano a partir de um estudo feito durante quatro anos sobre os efeitos do agrotóxico na capina. A nova modalidade só entrará em vigor se a lei for aprovada pelo Legislativo. O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, explica que hoje a resolução 119/2006 (veja no quadro), do Conselho Estadual do Meio Ambiente, permite essa prática, desde que haja licenciamento. Por causa disso, a proposta foi encaminhada à Câmara, há cerca de 20 dias.
– Não podemos colocar em prática enquanto houver esse veto. Nos reunimos com a comissão e vamos encaminhar documentos que eles nos pediram para analisar melhor a questão – afirma Adiló.
A intenção da Codeca é aplicar o agrotóxico na vegetação junto ao meio fio e em meio aos paralelepípedos. Segundo o engenheiro João Osório Martins, que participou do estudo, nenhum resíduo sobra para o solo ou escorre para a água. Está indefinido qual produto será utilizado, mas possivelmente será com glifosato. Ele é utilizado sob parreirais e em lavouras de soja transgênica, resistente à substância, e é específico para controle de plantas daninhas.
– Quando formos utilizar, teremos de pedir o licenciamento pelo período e onde que iremos usar. Por exemplo, de setembro a novembro, a vegetação cresce muito e com esse tipo de capina teremos um maior controle – afirma Adiló.
Em relação ao custo do sistema, ele explica que um litro do produto orgânico rende 10 litros para capina, e um litro do químico, 100 litros. O dessecante custaria 30 vezes mais que o glifosato.
O presidente da comissão da Câmara, vereador Assis Melo (PCdoB), afirma que os parlamentares ainda vão avaliar o projeto. Pessoalmente, ele é contra a ideia.
– Temos de analisar os riscos para o meio ambiente e também aos próprios trabalhadores – afirma.
Para entrar em votação, o projeto poderá passar por outras comissões ou ir direto à plenário.
(Por Juliana Almeida, O Pioneiro, 18/09/2009)