O MST vem pressionando o Incra a assentar até o final do ano as 400 famílias que seriam destinadas à área de 7 mil hectares da família Antoniazzi, em São Gabriel. O instituto compraria a propriedade por R$ 39 milhões. Mas desistiu, depois que o juiz federal de Santana do Livramento, Belmiro Krieger, pediu perícia no preço das terras. O superintendente do Incra, Mozar Dietrich, disse que a desistência foi devido a problemas jurídicos entre os herdeiros.
Na ocasião, Ivonete Tonin, a Nina, que é da Frente de Massa (FM), um setor do MST que cuida das mobilizações dos acampados no Estado, disse que o Incra teria de encontrar terra para essas famílias. Na época, o superintendente afirmou que não voltaria atrás na decisão, mas estava propenso a resolver o impasse. Ontem, Dietrich confirmou sua posição e fechou questão:
– Não só não vamos voltar atrás no episódio das fazendas da família Antoniazzi, como também não vamos comprar novas terras.
Hoje, a Frente de Massa afirma que tem 2 mil acampados. O Incra sustenta que o número é 50% menor.
Os estragos no prédio do Incra e o sumiço dos equipamentos deram sustentação política para Dietrich enfrentar Nina, que teve a sua liderança arranhada pelo episódio. O abalo acontece em um momento em que há uma disputa interna no MST entre a direção estadual e a Frente de Massa, que tem em Nina a sua principal líder.
Ontem, o porta-voz do MST, Silvio dos Santos, estava com o celular desligado. Deputado estadual, Dionilso Marcon (PT), ex-dirigente do movimento, disse que é preciso avaliar o quadro com cautela.
(Zero Hora, 18/09/2009)