Órgão não comprará terras em 2009 e revisará cadastro de candidatos
Estão suspensas até o final do ano as aquisições de novas áreas para assentamentos no Rio Grande do Sul. A decisão é do superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Mozar Dietrich, em resposta ao vandalismo na sede do órgão federal, ato considerado uma afronta por parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Dietrich reagiu com indignação aos estragos provocados pelos integrantes do MST durante a invasão do prédio do Incra, em Porto Alegre, entre os dias 8 e 15 deste mês. Além da depredação de salas, sumiram notebooks, filmadoras e aparelhos de GPS.
Fortalecido pela reação pública contrária à destruição promovida pelo MST, o superintendente também decidiu mexer em algo que é considerado um tabu na relação do instituto com o movimento, o cadastramento de acampados. Ordenou que os técnicos do instituto passem um pente-fino na lista de candidatos a conseguir um lote de terra do Incra. O alvo são desempregados urbanos transformados em sem-terra pelo MST.
O objetivo é dificultar o acesso à terra de pessoas que não têm vocação para a agricultura ou que se envolveram em atos criminosos. Com a carência de filhos de agricultores para suas fileiras, o MST buscou novos militantes nas vilas urbanas.
Se o superintendente conseguir dificultar o acesso à terra, esvaziará os acampamentos. Em outra época, um superintendente do Incra não sobreviveria no cargo se anunciasse uma revisão nos cadastros de acampados.
– O resultado desses aos (o vandalismo e sumiço de equipamentos) é uma reavaliação de todo o processo de assentamento no Estado. Não podemos colocar nos lotes da reforma agrária pessoas como estas – diz Dietrich.
(Por Carlos Wagner, Zero Hora, 18/09/2009)