A Índia está pronta para quantificar os cortes que pretende fazer nas suas emissões de gases do efeito estufa, mas não aceitará metas impostas obrigatoriamente no âmbito internacional, disse nesta quinta-feira (17/09) o ministro do Meio Ambiente, Jairam Ramesh.
Essa nova postura indiana deve fortalecer a presença do país nas negociações para o novo tratado climático global, a ser aprovado em dezembro, em Copenhague. As negociações estão emperradas devido a discordâncias entre países ricos e pobres acerca dos cortes de emissões que cada um deve fazer, além de questões relativas à transferência de verbas e tecnologias de países desenvolvidos para o combate à mudança climática nas nações em desenvolvimento.
"Não vemos problema em dar um amplo número indicativo sobre a redução (das emissões) como resultado das nossas ações unilaterais domésticas," disse Ramesh à Reuters.
No entanto, ele ressaltou que esse número não assumirá a forma de uma meta de cumprimento obrigatório, aberta ao escrutínio exterior, nem servirá de base para a nova posição da Índia nas negociações. Os países em desenvolvimento têm relutado na questão ambiental por temerem que isso comprometa seu ritmo de crescimento e combate à pobreza.
Mesmo assim, a Índia diz estar adotando medias não só para se adaptar à mudança climática, como também para limitar e reduzir as emissões, especialmente por meio de ações domésticas como o aumento da eficiência energética e do uso de energias renováveis.
Cerca de metade dos 1 bilhão de indianos não tem acesso à eletricidade. Neste mês, autoridades previram que o total de emissões de gases do efeito estufa pode dobrar ou até mais do que triplicar até 2031, atingindo 7,3 bilhões de toneladas. Mesmo assim, suas emissões per capita permaneceriam abaixo da média mundial.
Reagindo às acusações ocidentais de que a Índia estaria sendo intransigente, Ramesh disse que "não é a Índia que está segurando as negociações." "Não temos responsabilidade histórica pela presente confusão (climática), nem temos qualquer compromisso de reduzir as emissões. Mesmo assim, estamos fazendo mais do que muitos outros países que criaram este problema e estão obrigados pelo direito internacional a assumirem cortes de emissões com metas."
(Por Krittivas Mukherjee, Reuters / UOL, 17/09/2009)