A União Europeia quer um "sinal mais claro" dos Estados Unidos quanto a um compromisso para a redução das suas emissões de gases que aquecem o planeta. Nesta quarta-feira, na véspera de uma cimeira informal dos líderes europeus, hoje em Bruxelas, o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, que ocupa a presidência rotativa da UE, disse que o que até agora foi prometido em termos de redução de emissões não é suficiente.
"Precisamos de posições mais claras de uma boa parte do mundo desenvolvido, como acabámos de ver com o Japão. Precisamos de um sinal mais claro por parte dos Estados Unidos", disse Reinfeldt, através de um vídeo no site da presidência sueca.
O recém-eleito primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, prometeu reduções de 25 por cento até 2020, em relação a 1990. A UE já se tinha comprometido com 20 por cento, e aceitará 30 por cento, se houver um compromisso semelhante de outros países desenvolvidos. Já Barack Obama quer baixar em 17 por cento as emissões norte-americanas até 2020, mas em relação aos níveis de 2005.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas estima como necessária uma redução de 25 a 40 por cento nas emissões dos países desenvolvidos, de modo a limitar aos dois graus Celsius o aumento da temperatura média global até ao final do século.
"Estamos preocupados, porque a soma de iniciativas anunciadas até agora não é suficiente para responder ao objectivo de dois graus", disse o primeiro-ministro sueco.
Na próxima terça-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebe (foto) uma centena de líderes mundiais para tentar dar um impulso às negociações para um novo tratado climático. A possibilidade de um acordo na próxima cimeira climática da ONU, em Dezembro, em Copenhaga, está a ser comprometida por profundas divisões nas negociações.
De acordo o diário britânico "The Guardian", um fosso profundo separa a UE e os Estados Unidos quanto à estrutura de um novo acordo. Um dos pontos de conflito é a forma como poderá ser contabilizada a redução das emissões. A UE defende um modelo centralizado, baseado em estruturas e métodos já em vigor ao abrigo do Protocolo de Quioto. Já os Estados Unidos querem um sistema no qual cada país decida como contabilizar a redução.
(Por Ricardo Garcia, Ecosfera, 17/09/2009)