Nunca antes na História dos Estados Unidos ocorreram tantos eventos com foco em mudança climática como os que se iniciam hoje e prosseguem pelas próximas duas semanas. Se depender do calendário, passos importantes podem ser feitos para que se consiga um acordo climático em Copenhague, em dezembro. Chefes de Estado, políticos, empresários, ambientalistas e jornalistas irão movimentar Washington, Nova York e Pittsburgh. A crise econômica mundial está no centro dos debates, mas o aquecimento global corre em paralelo a todos eles. Só se espera que, ao final do mês, não tenha sido muito barulho por nada.
Nesta quinta (17/09) o tour de force começa em Washington, com os ministros de Meio Ambiente dos 16 países que mais emitem gases-estufa no fórum das maiores economias do mundo, MEF, na sigla em inglês. Será o primeiro encontro desde o G-8, na Itália, em julho, onde os chefes de Estado acertaram que é preciso fazer todos os esforços para que a temperatura do planeta não ultrapasse os 2°C no fim do século - e agora talvez sinalizem com os meios para que isto aconteça.
"Esperamos que seja superada a falta de confiança que existe nas negociações", diz Kim Carstensen, líder da iniciativa global de clima da WWF. "Os países em desenvolvimento não enxergam compromissos fortes de cortes de emissão dos ricos e nem a ambição necessária para que se consiga ter um acordo forte e justo em Copenhague."
Na segunda, em Nova York, é a vez da reunião da aliança das pequenas ilhas, AOSIS na sigla em inglês, um grupo conhecido por fazer pressão nas negociações. É com a urgência de quem vê o mar avançar pelo seu território que eles cobram soluções para enfrentar a mudança climática. A Cúpula do Clima começa em Nova York, no dia 22, com mais de 100 chefes de Estado reunidos junto a Obama. A Conferência, organizada por Ban-Ki-Moon deve terminar com uma declaração do secretário-geral da ONU que guie os negociadores nos eventos antes de Copenhague.
Um dia depois acontece em Nova York a Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente Luis Inácio Lula da Silva abrirá o evento e deve dizer que o Brasil levará uma meta de redução a Copenhague, mas não se espera que seja mais explícito que isso. Na quarta há um evento paralelo sobre ações de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), que interessa ao Brasil. "É a chance de se discutirem oportunidades para Redd que são pouco exploradas, como os leilões de licenças de emissões", diz Carlos Rittl, coordenador do programa de mudança climática e energia da WWF-Brasil. "Estes leilões podem gerar bilhões de dólares anuais para apoiar a redução do desmatamento", avalia.
Em 24 e 25 de setembro acontece o G-20, em Pittsburgh. O mês termina com uma das últimas rodadas de negociação do acordo climático antes de Copenhague. É a reunião preparatória de Bancoc, na Tailândia. O texto de negociação, que é a base do acordo, tinha 200 páginas em agosto e agora tem 180. O desafio é cortá-lo pela metade para que possa sair dali o acordo climático.
(Por Daniela Chiaretti, Valor Econômico, 17/09/2009)