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2009-09-17

Para industriais paulistas as propostas do Brasil devem se alinhar com o desenvolvimento, e os paises ricos precisam ser mais audaciosos

Em entrevista coletiva realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o vice-presidente da instituição, João Guilherme Ometto, afirmou que reconhece a preocupação do país com a questão climática e com uma economia sustentável. "No entanto, percebemos que o que acontece hoje é uma negociação comercial dos países mais desenvolvidos, que desde o século 19 poluem, com a intenção de frear nosso desenvolvimento", falou, repercutindo o discurso de que também temos o "direito" de poluir.

As divergências sobre o conceito de sustentabilidade parecem persistir entre o empresariado paulista. A Fiesp representa aproximadamente 150 mil indústrias de todos os portes em todos os setores de produção sendo a maior entidade de classe da indústria brasileira. Desses setores, muitos ainda são contra a implementação de medidas que reduzam as emissões de GEE´s e principalmente a apresentação de metas nos fóruns de discussão (COPs). "As indústrias paulistas têm participado dos debates, como ouvintes e também sugerindo, mas não aceitamos "pagar o pato" por problemas que já vêm acontecendo há décadas. Exigiremos que países como Estados Unidos e China também sejam mais audaciosos em propor seus planos de mitigação", disse Ometto.

Já para o coordenador de Mudanças Climáticas da Fiesp, Marcos Fugihara, a discussão de metas é reducionista. "A reunião da COP não serve só para se discutir metas. Esse debate depende muito de vantagens comparativas que podemos exigir. Um acordo que objetive a redução de emissões pode afetar a competitividade industrial", afirmou.

As diversas peculiaridades dos setores industriais fazem com que esses objetivos tragam benefícios para alguns e prejuízos a outros. Por isso, Fugihara, que também é pesquisador do IPCC, acredita que outros pontos devem ser colocados nas mesas de discussão. "O que os representantes dos empresários estão fazendo agora é analisando de que maneira essas reduções podem ser feitas sem afetar a lucratividade. Em um setor como o florestal, por exemplo, é difícil falar em metas, ainda mais em um país onde 80% das emissões vêm do desmatamento", analisou.

Outro ponto questionado pelo engenheiro foi a motivação da União Européia para que essas metas sejam impostas. Segundo ele, os países da Europa que têm total dependência dos combustíveis fósseis, precisam urgentemente mudar sua matriz energética, e isso gerará muitos custos. "No fundo essa discussão é uma imposição dos países desenvolvidos para que possam se utilizar novas matrizes a preços menores".

Novos compromissos para o combate ao aquecimento global deverão ser apresentados pelos países da Convenção das Partes em Copenhague. É isso que espera o coordenador de mudanças climáticas da Fiesp. "Temos de tirar esse foco de metas, que chega a ser maniqueísta, para chegarmos a consensos que realmente tragam resultados consistentes", falou. Depois que o Japão, um dos países mais industrializados do mundo, anunciou que pretende reduzir em até 25% suas emissões de carbono, nos próximos 10 anos, o Brasil pode assumir um compromisso durante a COP15, em Copenhague, com a redução de até 30% das suas.

Posicionamento ficou para depois
No dia 25 de agosto último, lideranças empresariais lançaram a "Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas" onde debateram com o governo  compromissos e propostas para as discussões da Conferência de Copenhague. A Fiesp não foi signatária da carta e, por isso, sofreu duras críticas de diversos setores da sociedade. De acordo com Carlos Cavalcanti, diretor do departamento de energia, a Fiesp seguramente terá um posicionamento claro sobre a COP15, emitindo um documento público para a sociedade brasileira tomar conhecimento.

"É completamente diferente para uma entidade do peso institucional da Fiesp, representando mais de 95 setores industriais, com 133 sindicatos associados. O processo de tomada de decisão é muito maior e muito mais complexo do que o de uma companhia, ou um grupo de companhias que se reúnem em torno de uma carta de princípios. Quando nos manifestarmos, será sobre toda a conferência, inclusive sobre suas questões técnicas, sobre o que queremos e o que não queremos", enfatizou.

O pré-sal e o almoço
Outro ponto debatido na coletiva foi a incompatibilidade entre a política de metas e as tão festejadas jazidas de petróleo descobertas no País. Segundo Cavalcanti, ainda é impossível pensar em um mundo sem petróleo pelo menos nos próximos 50 anos, mesmo com as novas fontes de energia. "O percentual da utilização de petróleo aumentará, principalmente devido ao aumento da demanda energética, por isso, se a utilização continuar do jeito que está hoje, será uma vitória para todos", falou.

O Brasil hoje é o país que mais utiliza fontes alternativas de energia no mundo, são cerca de 46% do total produzido, “bem diferente dos míseros 6% utilizados pelos países da OCDE. Então porque o país não é tomado de exemplo pelos países desenvolvidos?", perguntou Cavalcanti que questionou o excesso de barreiras comerciais impostas ao etanol produzido no país. "É como querer ganhar o almoço de graça: a gente se esforça para fazer as coisas corretamente e eles não querem fazer o mínimo. Teremos um forte componente comercial dentro dessas negociações, mas as dificuldades ainda são imensas", criticou.

O ministro do Meio Ambiente da Dinamarca, país modelo em economia verde, Troels Lund Polsen, participou da coletiva por poucos minutos e foi questionado sobre o que o país anfitrião de uma das mais esperadas reuniões da Conferência das Partes espera das propostas que os Estados Unidos devem levar a Copenhague. O ministro esquivou-se ao estilo dos políticos nacionais, alegando que ali não era o momento nem o local para tal discussão, mas que aguarda bons projetos do novo governo estadunidense.

"Viemos ao Brasil para provar que é possível desenvolver soluções para minimizar a poluição da água e do ar, diminuir o consumo de energia ao mesmo tempo em que estimulamos o crescimento econômico e social", sintetizou o ministro dinamarquês.

(Por Fabrício Ângelo, Envolverde*, 16/09/2009)

* Especial para o Instituto Ethos


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