Anfavea argumenta que, como regra mais rígida de emissão entrou em vigor no início do ano, haveria mais veículos com notas melhores. "De qualquer forma, aprovamos totalmente. A visibilidade dos dados é coisa salutar", diz representante da associação de fabricantes
As montadoras de veículo tentaram adiar a divulgação pelo Ministério do Meio Ambiente de dados sobre emissão de poluentes com o argumento de que novos limites entraram em vigor no início deste ano. "A única bronca [dos fabricantes] é que não queriam que divulgássemos hoje [ontem]", relatou o ministro Carlos Minc.
"Seria mais adequado aguardar", confirmou Henry Joseph Junior, presidente da comissão de energia e ambiente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). "Somente mais recentemente passamos a ter a demanda por esse tipo de informação por parte dos consumidores. Queríamos colocar os dados no próprio site da Anfavea, mas o ministério se antecipou."
Para a entidade, como a nova regra de emissão é mais rígida que a anterior, haveria mais veículos com notas melhores. Dados sobre veículos produzidos em 2009 deverão ser divulgados no final de outubro ou início de novembro, disse Minc. "De qualquer forma, aprovamos totalmente. A visibilidade dos dados é uma coisa salutar e não nos magoa", afirmou.
A Folha procurou as fabricantes dos cinco veículos que aparecem no topo do ranking de emissão. A General Motors do Brasil, que produz o Corsa 1.4 e o Montana 1.4 -o primeiro e o terceiro da lista-, disse que desconhece os critérios do ranking e que vai avaliar o assunto. A Peugeot do Brasil, fabricante do 307 Sedan 1.6, o segundo da lista, afirmou ainda não ter posicionamento. Já a Citröen do Brasil, fabricante do Xsara Picasso 1.6 e do C3 1.4, quarto e quinto colocados, disse que não foi possível contatar sua área técnica e, portanto, não tinha como se posicionar.
Para o assessor de testes do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Marcos Pó, o governo precisa obrigar as montadoras a etiquetar a nota de emissão de poluentes nos carros, a exemplo do que ocorre com os eletrodomésticos em relação ao consumo de energia. A medida, diz, poderia alterar a opção de compra dos consumidores. "Qualquer pessoa hoje se lembra de prestar atenção no selo de eficiência energética das geladeiras."
(Por Marta Salomon, Vitor Moreno e Pablo Solano, Folha de S. Paulo, 16/09/2009)