As áreas de Cerrado no Estado de Mato Grosso estavam bem conservadas até o início da década de 1980, de acordo com um mosaico feito com imagens dos satélites Landsat 1, 2 e 3, que acaba de ser concluído pelo programa Panamazônia II, desenvolvido na Divisão de Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo o Inpe, o mosaico permitiu observar que, até 1980, havia uma ocupação muito restrita nos arredores de Alta Floresta, nos garimpos do Rio Peixoto de Azevedo e na Serra do Roncador, onde havia grandes agropecuárias como o empreendimento Suiá Missu, que tinha na época cerca de 400 mil hectares. “Não existiam naquele período os imensos campos de soja que vieram no final dos anos 80 e início dos anos 90”, disse o coordenador do programa Panamazônia II, Paulo Roberto Martini, da Coordenação Geral de Observação da Terra, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe.
O mosaico foi elaborado com imagens do sensor multiespectral MSS do satélite Landsat, que registra alvos maiores que 80 metros. As imagens são compostas pelas bandas 574, que correspondem aos intervalos espectrais do vermelho, do infravermelho e do verde. A correção geométrica foi elaborada tendo como suporte os mosaicos ortorretificados Geocover, disponibilizados pela Nasa – a agência espacial norte-americana – que permitem tomadas de medidas internas e de localização absoluta ao nível da dimensão do pixel (80 metros). Com isso, é possível medir com boa precisão as manchas de desmatamento nas áreas de floresta e, também, aquelas iniciais das áreas de Cerrado.
O Projeto Panamazônia II atualmente analisa os biomas Floresta e Cerrado do Mato Grosso também com imagens Landsat dos anos de 1990, 2000 e 2005, com atualizações para 2008 apoiadas por imagens do satélite sino-brasileiro CBERS. O Brasil possui, de acordo como Inpe, um dos acervos de imagens de satélites mais antigos do mundo, pois recebe os dados Landsat desde 1973 através da estação do instituto em Cuiabá (MT).
Lançado em 1972, o Landsat foi o primeiro equipamento orbital de sensoriamento remoto de recursos terrestres, sendo o Brasil o terceiro país a receber este tipo de imagem, depois apenas dos Estados Unidos e Canadá. O Centro de Dados de Sensoriamento Remoto do Inpe, instalado em Cachoeira Paulista (SP), disponibiliza as imagens deste acervo na página www.dgi.inpe.br/CDSR
Mais informações: www.dsr.inpe.br/panamazon.htm
(Agência Fapesp, 16/09/2009)