Mais de mil casas de Eldorado do Sul foram atingidas pela cheia do rio Jacuí. A estimativa foi feita pelo coordenador da Defesa Civil, Sérgio Munhoz, ao término de levantamento fotográfico que fundamentou o decreto de situação de emergência encaminhado ao Palácio Piratini. A situação, considerada crítica nos bairros Cidade Verde, Chácara, Picada, Ouro Verde e Vila da Paz, pode se agravar caso se confirmem as previsões meteorológicas de retorno das chuvas.
O quadro é mais crítico nas ruas Napoleão Tavares de Jesus e João de Deus Alves, onde o nível da água estava próximo de 80 centímetros nos pontos mais baixos. 'Se o tempo ficar estável serão necessários pelo menos mais dois dias para a situação se normalizar', projetou.
A Secretaria Municipal da Saúde iniciou ontem uma campanha de vacinação emergencial contra o tétano. A imunização conta com o apoio do Corpo de Bombeiros de Guaíba, que disponibilizou embarcações para o resgate de flagelados e o transporte das equipes encarregadas de aplicar a vacina nos moradores. Munhoz afirmou que o município necessita de água mineral e cestas básicas para atender às necessidades mais emergenciais. 'Tão logo a água baixe, precisaremos de kits de limpeza para higienizar as moradias', explicou. A Defesa Civil de Eldorado do Sul fornecerá atestados para justificar a ausência dos moradores atingidos pela cheia ao trabalho.
Morador do bairro Ouro Verde há 20 anos, o vigilante José Rogério Xavier Fernandes, 44, afirmou que essa é a terceira enchente que enfrenta. 'Dentro de casa, a água bate no meu joelho. Por sorte, esta não foi tão grave quanto a de 2007, quando perdi praticamente todos os móveis', comparou. O aposentado Sebastião Jesus Antunes, 74, vive há cinco anos em área de risco no bairro Cidade Verde. A intenção era não abandonar a moradia. No entanto, decidiu aceitar o apoio oferecido por amigos temendo ficar impossibilitado de deixar o imóvel sem emprego de barco. 'A situação foi piorando e preferi sair', disse.
Às margens da BR 116, no trecho Porto Alegre-Guaíba, a cheia do Jacuí também atingiu os casebres localizados às margens da rodovia. O nível do Guaíba subiu e ultrapassou a cota de cheia, que é de 1,85 metro, devido ao grande volume de escoamento de água dos afluentes Caí, Taquari, Gravataí, Sinos e Jacuí.
Famílias das ilhas do Delta do Jacuí estão com suas casas alagadas. A Defesa Civil de Porto Alegre está auxiliando os atingidos com a distribuição de cestas básicas, colchões, cobertores, travesseiros, fronhas, lençóis, toalhas e lonas.
(Correio do Povo, 16/09/2009)