Os 450 integrantes do MST que invadiram a sede do Incra na semana passada decidiram deixar o local no início da tarde desta terça-feira (15/09). A desocupação ocorreu depois que outros 200 sem-terra deixaram a fazenda Santa Marta, do Complexo Antoniazzi, em São Gabriel, invadida na última quarta-feira. Eles deixaram a propriedade rural após a chegada de uma marcha com 150 pessoas vinculadas ao acampamento Elton Brum da Silva, no Passo do Pedroso, às margens da RS 630.
Na Capital, a saída foi acompanhada à distância por PMs do 9º BPM. Os sem-terra saíram da sede do Incra após o almoço, quando puseram colchões e pertences no saguão. Embarcaram em nove ônibus e seguiram para os acampamentos em Alegrete, Canguçu, Sarandi, Charqueadas, Júlio de Castilhos, São Gabriel e São Luiz Gonzaga.
'Optamos por uma saída pacífica, mas não encerramos nossas mobilizações. Estamos saindo, mas continuamos firmes na luta pela concretização da reforma agrária', justificou Cedenir de Oliveira, da coordenação estadual do MST. Segundo ele, a decisão de não contrariar a determinação de reintegração de posse foi o caminho encontrado para evitar confronto. O MST reivindica assentamento de 2 mil famílias, revisão do índice que mede produtividade das propriedades rurais e desapropriação do Complexo Antoniazzi. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) contesta os números do MST, informando só 700 famílias à espera de terra no RS.
O edifício-sede do Incra foi invadido no início da manhã do dia 8. Como os sem-terra transformaram os corredores dos oito pavimentos do prédio em dormitório, os servidores do instituto ficaram impedidos de trabalhar. Igualmente foram dispensados os funcionários dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Pesca e Desenvolvimento Agrário, que mantêm representações no mesmo edifício.
Antes de anunciar a decisão de não resistir, os sem-terra participaram de reunião com o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, que se manifestou favorável à saída pacífica. 'Estamos auxiliando no processo de negociação, mas respeitamos a autonomia de decisão do MST.'
(Correio do Povo, 16/09/2009)