Analisando a produção de alumínio na Amazônia pela perspectiva da sustentabilidade, o Boletim Regional, Urbano e Ambiental divulgado nesta segunda (14/09) pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), identificou que atualmente a produção de alumínio não conseguiu atingir o seu objetivo, estipulado no início de sua exploração no bioma: "o desenvolvimento regional e a integração regional".
O relatório aponta que houve um caminho inverso, principalmente com a ligação direta da região com o mercado internacional, quando houve um agravamento das desigualdades intrarregionais, na medida em que é o Estado, e não os municípios, o principal beneficiário da exportação do metal. O estudo aponta que a atividade intensiva em capital e tecnologia, associado ao comércio internacional e grandes empresas transnacionais ainda "não se demonstrou capaz de contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais que colocam os índices de desenvolvimento humano da região abaixo dos índices nacionais".
Para que haja uma produção sustentável deveria ser considerar o fato de que a atividade intensiva consome recursos e serviços naturais e traz grandes impactos ambientais. A preocupação aumenta quando o local onde está sendo produzido é um "dos biomas mais importantes do planeta", conforme define o estudo. E deveria levar em consideração o desafio de promover tanto o desenvolvimento local e regional como a preservação e conservação da floresta.
Consumo de energia
Um dos maiores problemas para a produção do alumínio na Amazônia é o consumo de energia. Inicialmente o governo brasileiro participou diretamente da produção do metal em associação a grandes empresas do setor, por meio da construção da usina hidrelétrica de Tucuruí e da oferta subsidiada de energia, e também pela Companhia Vale do Rio Doce. O estudo aponta que aumentar os atuais padrões de consumo do alumínio significaria o aumento da demanda por energia, "no que se insere mais o projeto da usina de Belo Monte e outros projetos no Rio Madeira, além do próprio aumento acelerado das áreas de mineração sobre a floresta".
A produção sustentável só existiria com a preservação e conservação da floresta, "o que exige novas políticas e arranjos institucionais capazes de promover o desenvolvimento sustentável na região", aponta o relatório. De acordo com ele, isso só aconteceria com a cooperação institucional, com mudanças nos seus atuais padrões de produção e consumo, com a valorização dos recursos naturais, especialmente na internalização dos impactos sociais e ambientais de sua exploração.
Um modelo autêntico de desenvolvimento sustentável para o Brasil e para a Amazônia, como, explica o boletim, deveria levar em conta "além da integração do mercado interno e a substituição de importação de produtos acabados de alumínio, deve ainda ser capaz de garantir a coexistência dos diferentes modos de vida e a diversidade cultural da Amazônia".
Veja o estudo na íntegra: Boletim Regional, Urbano e Ambiental
(Amazonia.org.br, 15/09/2009)