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antártida / antártica
2009-09-16

O ambiente subglacial da Antártida é mais dinâmico do que parece. Sob as extensas e grossas camadas de gelo há lagos de todos os tamanhos e muitos deles se enchem e esvaziam, passando a água de um para outro, líquido que facilita o deslocamento dos glaciares. Uma pesquisa realizada com um altímetro a laser localizado em um satélite da Nasa identificou agora 124 lagos ativos subglaciares no continente branco. Além disso, a pesquisa, que durou mais de quatro anos, permitiu presenciar processos de enchimento e esvaziamento de lagos, de forma que estes depósitos subglaciares funcionam como uma rede de encanamento em escala continental, dizem os cientistas.

“A recente descoberta de lagos subglaciares na Antártida mudou o nosso próprio conceito recente do sistema hidrológico subglacial da camada gelada”, afirma Benjamin Smith, cientista da Universidade de Washington em Seattle (Estados Unidos), líder da pesquisa. “Fizemos a estimativa das mudanças de volume de cada lago”, acrescentam em seu artigo, publicado na revista Journal of Glaciology.

Esta não é a primeira exploração dos lagos subglaciares do continente branco. De fato, os cálculos até agora indicavam que haveria cerca de 280 lagos. Mas os registros anteriores pontuais não permitiam determinar se se tratava de bolsas de água estáticas ou dinâmicas. Graças ao Geoscience Laser Altimeter System (GLAS), a bordo do satélite Icesat, foi possível detectar e medir durante quatro anos e meio (desde outubro de 2003 a março de 2008), mudanças de elevação no gelo, deformações superficiais, em quase todo o território antártico associadas à dinâmica dos lagos ocultos. Uma chave de seu trabalho consiste em comparar os registros tomados em vários sobrevoos – dois ou três por ano – do satélite sobre cada secção do território.

“A hidrologia subglacial supõe todo um novo campo que se abre com a descoberta dos lagos que se enchem e se esvaziam em relativamente pouco tempo com grandes volumes de água”, adiantava o glaciólogo Robert Bindschaller já em 2007. Agora, os novos dados mostram que em alguns casos, parece que a água se transfere de algumas lagoas a outras, mas também se produzem transferências com fontes que o satélite não foi capaz de detectar, advertiram os pesquisadores.

Há dois anos, com os dados que o Icesat estava tomando, combinados com outros de radar, os cientistas anteciparam que a conexão dos lagos subglaciares com o movimento dos gelos seria uma chave para esclarecer o quebra-cabeça da estabilidade da camada de gelo do continente. Descobriu-se então, por exemplo, que uma destas bolsas de água internas, de cerca de 40 quilômetros de comprimento por 10 de largura havia provocado uma notável deformação do gelo acima dela (de cerca de nove metros) e se calculou que o lago teria perdido no processo cerca de dois quilômetros cúbicos de água.

O inventário que agora Smith e seus colegas fazem, no território delimitado pelo paralelo 86 sul, mostra que há lagos distribuídos por diferentes zonas do continente branco. Inclusive detectaram um lago pequeno nas proximidades do célebre Vostok (que não é ativo). Mas a maioria dos 124 identificados por eles está em zonas costeiras, nas cabeceiras de grandes bacias geológicas, onde os gelos se movem mais, de forma que a dinâmica destas lagoas influi na descarga de água doce no oceano. Mesmo assim, em uma zona da Artártida oriental onde há muitos lagos, o altímetro a laser indica que poucos deles são ativos e contribuem apenas para o deslocamento dos glaciares.

Quanto ao tempo que esses lagos demoram para encher e esvaziar, Smith e seus colegas afirmam que em alguns casos o processo é relativamente lento e demora de três a quatro anos, mesmo que em outros casos bastam apenas alguns meses, e há fluxos que podem ser tão rápidos quanto os rios.

O Vostok em perigo
Sob uma camada de gelo de quase quatro quilômetros de grossura está o lago antártico mais famoso: o Vostok. Mede cerca de 250 quilômetros de comprimento por 50 de largura. Há três décadas, os soviéticos começaram a perfurar o gelo e tirar amostras, detendo-se, em 1998, a cerca de cem metros da bolsa de água líquida. Os cientistas de todo o mundo alertaram para o alto risco se chegassem até o lago, que poderia abrigar formas de vida de milhões de anos atrás.

A Rússia decidiu, há alguns meses, retomar o trabalho, apesar da advertência da comunidade científica internacional sobre a muito provável contaminação do lago com o combustível das máquinas, o anticongelante e os lubrificantes. Além disso, se poderia provocar um grande gêiser ao liberar a água submetida agora a altas pressões. Os russos não debateram abertamente seus planos, mas não está descartada a retomada da perfuração na temporada 2009-2010.

(Por Alicia Rivera, El País / Cepat / IHUnisinos, 15/09/2009)


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