Em evento com Gabrielli, estrangeiros dizem temer que minoritários tenham perdas. Presidente da estatal afirma nos EUA que exploração das novas reservas de petróleo no Brasil "é uma grande oportunidade" de negócio
Investidores internacionais interessados na exploração do petróleo das reservas do pré-sal brasileiro ou que detêm ações da Petrobras demostraram nesta segunda (14/09) estar pouco informados sobre o processo de capitalização que a estatal deve realizar. Muitos afirmam temer que os acionistas minoritários saiam perdendo no processo, ou que a União acabe aumentando sua fatia do capital total (hoje de 33%) e votante (55%) na empresa. Há também desconhecimento e interrogações a respeito de como será a eventual participação do setor privado na exploração do pré-sal. Outra dúvida é se haverá equipamentos e pessoal treinado o suficiente para atender a demanda por mais produção.
As dúvidas vieram à tona em questionamentos feitos ao presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, após exposição sobre o pré-sal a investidores em um hotel em Nova York. Na plateia, grande parte dos participantes era de funcionários e técnicos de alguns dos maiores bancos do mundo.
Por quase uma hora, ele respondeu aos questionamentos e frisou que a participação do Estado na Petrobras só vai aumentar no caso de os atuais acionistas não exercerem seu direito de comprar novas ações no processo de capitalização. Os investidores também fizeram vários questionamentos sobre o modelo escolhido pelo Brasil para a exploração do pré-sal e sobre que tipo de regras poderá ser adotado após o trâmite do projeto no Congresso, onde estão sendo apresentadas dezenas de emendas à proposta original.
Gabrielli afirmou que espera a aprovação do projeto até o dia 10 de novembro na Câmara dos Deputados (para depois seguir ao Senado). "Em um quadro otimista, podemos ter o projeto aprovado até fevereiro ou março [de 2010]", disse. A capitalização da empresa ocorreria cerca de 45 dias após a aprovação da nova lei, segundo suas estimativas.
Gabrielli afirmou aos investidores que o pré-sal "é uma grande oportunidade". "Estamos falando de um portfólio de algo entre 30 bilhões e 35 bilhões de barris", disse. No cálculo estão incluídas as atuais reservas, de cerca de 14 bilhões de barris, mais cerca de 21 bilhões do pré-sal (incluindo os 5 bilhões de barris que a União repassaria à Petrobras dentro da operação de aumento de capital da empresa).
Além dos detalhes do pré-sal, os investidores questionaram Gabrielli sobre os demais planos de investimentos da Petrobras, tanto em refinarias como no exterior. O presidente da estatal disse que o cronograma de construção de novas refinarias está mantido e que ele dependerá muito mais da disponibilidade de equipamentos do que de financiamento.
(Por Fernando Canzian, Folha de S. Paulo, 15/09/2009)