Individualmente, o australiano é o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo segundo um estudo divulgado na última semana, ultrapassando os Estados Unidos e ficando muito à frente de outros poluidores, como China e Índia. Um australiano emite em média 20,58 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, a maior parte proveniente dos transportes e do consumo de energia gerada a partir da queima do carvão, recurso que representa 80% da matriz energética do país.
Os norte-americanos, que apareciam no topo deste ranking, são responsáveis por 19,81 toneladas anuais. Países emergentes que são considerados grandes emissores, porém extremamente populosos, como China e Índia, apresentam números per capita relativamente modestos: 4,5 e 1,16 toneladas respectivamente.
Os dados são do estudo "Climate Change Risk Report 2009/2010" da empresa britânica Maplecroft, que classificou 185 países conforme suas emissões. O relatório ainda identifica as nações mais vulneráveis com relação às mudanças climáticas, levando em conta aspectos como economia, recursos naturais, desenvolvimento e saúde pública.
A Austrália atravessa um período conturbado com relação a políticas para novas energias e limites de emissões. O Senado do país rejeitou no mês passado a proposta de criação de um esquema de comércio de carbono que entraria em vigor a partir de 2011. A decisão foi defendida sob a alegação de que o melhor seria esperar para ver qual será o posicionamento de outros países depois da Conferência do Clima de Copenhague em dezembro.
Também foram apresentados argumentos de que o mercado de carbono resultaria em preços mais altos para eletricidade, gasolina e petróleo, o que poderia diminuir a competitividade das indústrias australianas. A Ministra de Mudanças Climáticas da Austrália, Penny Wong, acredita que o esquema deve ainda ser votado novamente em 2009.
Mais preparados
Em outro estudo, divulgado também na última semana, as 20 nações mais ricas do mundo (G20) foram classificadas conforme sua capacidade de adaptação a uma economia de baixas emissões. França, Japão e Reino Unido lideram a lista, o Brasil aparece em nono, seguido pelos EUA. A Austrália ficou com a 15º colocação.
Intitulado “G20 low carbon competitiveness”, o relatório foi desenvolvido pela consultoria britânica Vivid Economics e leva em conta as políticas de emissões já existentes nesses países e os custos de transição para uma economia mais limpa que cada um deles deverá se submeter.
Copenhague
Com a aproximação da grande Conferência do Clima muitos estudos sobre emissões e mudanças climáticas devem ser divulgados para auxiliar e dar embasamento para as discussões. O ranking de maiores emissores per capita, por exemplo, deixa claro como as pessoas de países desenvolvidos emitem muito mais que as dos emergentes. Informação que já é utilizada pela China nas suas negociações e que com certeza voltará a aparecer em Copenhague.
Os chineses, assim como outras nações em desenvolvimento, acreditam que países com grandes emissões históricas e per capita, como EUA, Japão, Austrália e toda a Europa, devem adotar as medidas de redução mais severas.
Agora em setembro, o G20 irá se reunir em Pittsburgh, nos EUA e, mais uma vez, os cortes de emissões devem entrar na pauta. “A recuperação da economia mundial apresenta agora o momento ideal para as nações migrarem para um crescimento de baixas emissões. Os países que não aproveitarem esta oportunidade colocarão em risco sua futura competitividade e prosperidade”, escreveu o economista Nicholas Stern no prefácio do relatório “G20 low carbon competitiveness”.
(Por Fabiano Ávila, Carbono Brasil, 14/09/2009)