A elevação do Guaíba desabrigou no mínimo 27 famílias nas ilhas das Flores e do Pavão, até esta segunda-feira (14/09). No final da manhã, o nível do Guaíba atingia 1,98 metro, sendo que 1,85 é considerado o patamar crítico. Com a cheia, as ruas e as casas foram tomadas pela água. Nas ilhas do Pavão, das Flores, dos Marinheiros e da Pintada, os moradores acompanhavam apreensivos a elevação da água e tentavam salvar roupas, móveis e alimentos. A avenida principal da Ilha da Pintada, Nossa Senhora da Boa Viagem, ficou intransitável.
Só com barcos e botes se podia chegar às casas. Muitos moradores precisaram improvisar. A dona de casa Cinara Duarte, que mora na região há 33 anos, precisou usar um barco para alcançar um trecho seco. Em uma sacola, ela levava tênis e meias secos para substituir as botas molhadas. Em alguns pontos, a água atingiu a cintura das pessoas que a enfrentavam.
A aposentada Clélia Brum, que reside há 38 anos na região, também usou um barco para ir até o mercado comprar os itens do almoço. 'É triste a situação, mas já estou acostumada. Temos que improvisar e seguir a vida', relatou, acompanhada da neta Mídian, de 9 anos.
Apesar de a maioria das casas ter elevação com cerca de dois metros, algumas residências tiveram pontos alagados. A dona de casa Lenilda Beatriz da Silva Silveira ficou com a cozinha cheia de água. Enquanto isso, os filhos, Francielen e Douglas, utilizavam um bote de plástico para sair de casa. 'A cada ano fica pior a situação. A água gelada e a umidade aumentam ainda mais a sensação de frio', contou Francielen. A previsão da Defesa Civil é de que o nível da água do Guaíba aumente nos próximos dias.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, coronel Léo Antônio Bulling, a situação deve se agravar se voltar a chover. Além disso, a expectativa é de que ocorra a elevação da água vinda do rio Taquari. 'Estamos monitorando o nível e identificando os casos mais críticos. Enquanto isso, o alerta é máximo em todas as ilhas', afirmou Bulling. A Defesa Civil do Estado conta com duas equipes para atender aos chamados e retirar as famílias flageladas.
(Correio do Povo, 15/09/2009)