Quatro bairros de Eldorado do Sul ficaram alagados após a cheia do rio Jacuí. As águas atingiram na segunda-feira (14/09) mais de cem casas nos bairros Cidade Verde, Chácara, Vila da Paz e Picada. Com a elevação do nível do rio, a Defesa Civil começou, no início da manhã, a retirar algumas famílias. Com caminhões, as equipes de socorro percorreram as regiões mais atingidas, verificando a situação das residências.
Geladeira, fogão, colchão, móveis e roupas eram os principais itens retirados de dentro das casas. Segundo o coordenador da Defesa Civil de Eldorado do Sul, Sérgio Munhoz, o contato com as famílias que residem nos pontos mais críticos é constante. Mesmo assim, ele ressaltou que muitos moradores preferem improvisar e ficar nas casas, com receio de roubo ou invasão. Para isso, foram doadas telhas e tijolos. Algumas ruas do bairro Cidade Verde ficaram intransitáveis, sendo possível passar apenas com caminhão. Em trechos de rua era impossível ver onde começava ou terminava o rio Jacuí.
Com a água tomando a entrada das casas, os moradores se aglomeravam acompanhando a movimentação na rua. Enquanto isso, algumas famílias já contabilizavam os prejuízos. Sofás, móveis e roupas molhadas eram colocadas do lado de fora das casas, na tentativa de salvar alguma coisa. O sol, que apareceu em alguns momentos pela manhã, trouxe tranquilidade a alguns moradores, que aproveitaram para limpar as casas. O casal Augustino e Juraci Gorese, que mora há mais de 15 anos no bairro Cidade Verde, passou a manhã limpando a calçada e colocando telhas. 'É uma maneira de evitar que o lixo vindo pela água entre na casa', disse Augustino.
Ao acompanhar a movimentação das equipes da Defesa Civil, os moradores lembraram o drama da madrugada anterior. Com o nível do Jacuí subindo, as famílias iniciaram mutirão para elevar móveis e eletrodomésticos. Ainda na noite de domingo, o cinegrafista Antônio Cézar começou a erguer os eletrodomésticos. Na frente da casa, ele colocou pedras, permitindo a saída da residência. 'Isso infelizmente é uma realidade que faz parte da nossa vida', destacou. No bairro Chácara, os pátios tornaram-se piscinas. Em um ponto da localidade, uma fazenda transformou-se em rio. Parte da porteira ficou acima da água e era o único item que mostrava a existência de uma propriedade rural. Ao lado, as crianças aproveitavam o acúmulo de água para pescar.
(Correio do Povo, 15/09/2009)