A Venezuela disse que não ajuda o Irã no campo nuclear e que bancos venezuelanos não têm vínculos financeiros com instituições iranianas, negando as acusações feitas pelo promotor federal de Nova York, Robert Morgenthau, segundo uma carta divulgada nesta segunda-feira (14/09).
O embaixador venezuelano nos EUA, Bernardo Alvarez, enviou a mensagem a Morgenthau, na qual qualifica suas acusações de "vergonhosas" e de fazer parte de uma "campanha suja" contra o governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um duro crítico de Washington.
Morgenthau disse na semana passada que o Irã se aproveitava do sistema financeiro venezuelano para escapar de sanções internacionais e poder adquirir materiais para seu programa de tecnologia nuclear e desenvolvimento de mísseis. Entre as acusações, feitas pelo promotor durante conversa no centro de investigação Brookings Institution e num artigo publicado no Wall Street Journal, ele afirmou que misteriosas fábricas iranianas em zonas rurais da Venezuela têm condições de produzir armas.
Como resposta, o representante diplomático da Venezuela em Washington disse a ele que "as acusações que o senhor apresenta em sua exposição são simplesmente vergonhosas e carentes de fundamento". "O que o senhor refere em seu discurso como fábricas suspeitas fornecem aos venezuelanos comuns alimentos, equipamentos agrícolas e de transporte, materiais de construção, produtos plásticos, bicicletas, entre outros bens de consumo", acrescentou ele na carta a Morgenthau, cuja cópia foi obtida pela Reuters.
Morgenthau afirmou que está investigando a ameaça que representam os crescentes laços financeiros entre Venezuela e Irã e indicou que anunciará os resultados em um mês.
O promotor norte-americano disse ainda que a Venezuela poderia estar explorando suas reservas minerais de urânio para o Irã. Apesar de o país sul-americano ter volumosos depósitos de urânio, não existe nenhuma evidência de que o país petrolífero planeja explorá-los. Chávez, que defende a ideia de que os EUA podem atacar militarmente a Venezuela devido às suas reservas de petróleo, disse no domingo que está interessado no desenvolvimento da energia nuclear, mas sem intenções de produzir uma bomba atômica.
(Por Anthony Boadle, Reuters / UOL, 14/09/2009)