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tecnologia solar política ambiental de portugal
2009-09-14

Um grupo de empresários portugueses está a estudar a construção de uma central solar gigante no Alentejo, de dois mil megawatts, destinada à exportação de electricidade verde para a Europa do Norte, e a criação de um novo cluster industrial no país, um investimento que poderá rondar os seis mil milhões de euros, apurou o PÚBLICO.

Do núcleo promotor do projecto, designado Luz.On, fazem parte Mário Baptista Coelho, o homem que ergueu a central de Moura, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Efacec e a EIPElectricidade Industrial Portuguesa, estas últimas duas entidades como parceiras tecnológicas.

A megacentral fotovoltaica de elevada concentração, de tecnologia norte-americana e alemã, é um dossier que está há vários meses em preparação. A sua instalação deverá ocupar cerca de cinco mil hectares numa zona não especificada no Alentejo, e é do conhecimento do Governo e da Comissão Europeia, que já deu o seu apoio, por a considerar de interesse europeu.

Com arranque estimado para a megacentral em 2011 e sete anos faseados de execução, a Luz.On quer seguir a estratégia que impulsionou a energia eólica no país, através da criação de uma fi leira industrial, juntando parte das empresas situadas neste sector, parte da capacidade hoje virada para o sector automóvel, nomeadamente a metalomecânica e os moldes, e a instalação industrial dos fabricantes das células solares, propriamente ditos.

A proximidade geográfica dos fornecedores em relação à central é considerada preferencial, nomeadamente para a produção das células fotovoltaicas. As centrais solares deste tipo em funcionamento até agora foram construídas com painéis importados da China e um dos projectos da Qimonda Solar, entretanto falida, era trazer para Portugal o fabrico do componente de maior intensidade tecnológica para o país, ou seja, de maior valia. A Efacec, por seu lado, já está ligada a este projecto, bem como a EIP, especializada na instalação de subestações e redes de alta tensão.

O projecto, virado para a era que se avizinha e que os especialistas designam como a das ‘auto-estradas da energia’, apresenta vários pontos inovadores em relação ao passado. É o primeiro pensado para a exportação de energia verde, visando países que precisam de acelerar a redução das suas metas de emissões de dióxido de carbono para cumprirem as metas europeias para 2020. Não está, por isso, candidato a tarifas subsidiadas no mercado nacional, nem depende do consumo do mercado português.

É um dos primeiros projectos a enquadrar-se na nova directiva europeia das renováveis, que abre a porta a um novo modelo de transacções de créditos de emissões de CO2 entre os estados-membros, através dos certificados verdes e das garantias de origem. As novas regras permitem que os países desenvolvam projectos e negoceiem electricidade, sem estarem sempre obrigados a uma transferência física bilateral, mas ao cumprimento de valores globais para o espaço europeu.

Portugal-Espanha-França
Ponto inovador, mas também crítico para o sucesso desta iniciativa, é o facto de esta implicar, ainda assim, uma capacidade de interligação entre Portugal e Espanha e entre esta e França que não é integralmente garantida por parte destes últimos dois países. O lançamento deste projecto vai assentar num entendimento entre França e Espanha, que tarda há mais de duas décadas, quanto à passagem de uma interconexão eléctrica pelos Pirenéus e que tem sido um dos ‘buracos negros’ na construção de uma rede eléctrica verdadeiramente europeia.

O reforço das interligações eléctricas entre Portugal e Espanha e entre os dois países ibéricos e França é uma das medidas que se reivindicam historicamente como das mais importantes para o desenvolvimento do próprio mercado ibérico de electricidade (Mibel) e que não tem sido fácil. Os mapas de aumento da capacidade de interligação indicam que da parte portuguesa não haverá constrangimentos à passagem dos dois mil megawatts de energia eléctrica.

Com a perspectiva de o preço da energia fotovoltaica tender a descer com projectos de grande escala, é considerado aceitável que chegue aos três euros por watt (actualmente está em cinco euros), o que totalizará cerca de seis mil milhões de euros, segundo cálculos do PÚBLICO. O consórcio escusa-se a comentar este número.

A central de Moura ainda hoje é a terceira maior do mundo, mas a unidade que o grupo ora projecta terá uma dimensão 45 vezes superior em termos de potência instalada. Há dois dias, a China firmou com os norte-americanos da Intersolar um memorando de entendimento para a construção de uma central com a mesma potência de dois mil megawatts.

A vaga de projectos para megacentrais, a uma escala desconhecida para os padrões de hoje, está a agitar europeus, americanos e chineses e promete mexer com o mercado das tecnologias de energia nos próximos anos, sobretudo por causa dos compromissos internacionais em termos de emissões de gases com efeito de estufa e da pressão de um novo quadro regulatório que sucederá ao Protocolo de Quioto.

Há cerca de três meses, foi lançado o Desertec, por um consórcio dominado pela indústria alemã, e que aposta dentro de 30 anos na importação de energia do deserto do Sara para a Europa, e assim satisfazer 15 por cento do consumo europeu. É de longe o mais mega dos projectos e prevê-se que o será durante muitos anos.

(Por Lurdes Ferreira, Ecosfera, 13/09/2009)


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