Especialistas brasileiros e estrangeiros estarão reunidos de hoje (13/09) até o dia 25 para se capacitarem no combate ao mosquito da dengue, o Aedes aegypti. É o 1º Curso Internacional sobre Monitoramento à Resistência do Aedes aegypti a Inseticidas, uma promoção do Programa Nacional de Controle da Dengue, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O objetivo é mostrar aos estrangeiros a experiência brasileira no controle da doença.
É a primeira vez que se faz no Brasil um curso internacional sobre o tema. Participam especialistas da Bolívia, Colômbia, do Paraguai, Uruguai, da Venezuela, e ainda de Cuba e Panamá, como convidados por desenvolverem experiências de controle da dengue para a área do Caribe. A abertura do curso foi feita pelo coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho; a diretora do Instituto Oswaldo Cruz, Tânia Araújo-Jorge; e a vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Claude Pirnez.
No curso, os especialistas também conhecerão a evolução do número de infectados com o vírus da dengue, de doentes e mortos em decorrência da doença.
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado dia 24 de agosto, houve no ano, em comparação ao mesmo período de 2008, uma redução de 47,9% das notificações, ou seja, pessoas que procuram o tratamento.
Em 20 estados e no Distrito Federal, houve redução no número de pessoas com dengue. A maior queda do índice foi registrada no Rio de Janeiro, com 96,2%. Os outros estados apresentaram aumento (Acre, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
Os dados do ministério também apontam queda de 80,7% nos casos graves da doença e redução de 65,7% nas mortes em decorrência da dengue. Foram 156 mortes neste ano, quando, no ano passado, foram 455.
De acordo com Giovanini Coelho, os especialistas estrangeiros vão conhecer, na ocasião, uma das principais ações do sistema brasileiro de controle da doença, que é a escolha de municípios estratégicos para o monitoramento do índice de infestação com o Aedes aegypti.
São os municípios sentinela que, não são, necessariamente, os que têm mais pessoas contaminadas. Podem ser sentinela municípios perto da fronteira com outros países ou aqueles muito visitados por turistas. “Usamos inseticida com controle e acompanhamos o índice do Aedes aegypti nesses municípios”, explicou Coelho.
Para a coordenadora do Laboratório de Referência Nacional para o Monitoramento da Resistência de Aedes aegypti a Inseticidas, da Fiocruz, Denise Valle, o controle do mosquito no Brasil é eficiente. “Nós temos uma rede de monitoramento no Brasil com alguns laboratórios que avaliam municípios que merecem atenção especial. Essa capilaridade permite o controle do ciclo da doença”, disse.
Os organizadores do evento atribuem a importância ao fato de promover a articulação dos trabalhos do ministério, da Fiocruz, do Exército (por meio de seu Instituto de Biologia) e da Opas. “O tema é estratégico porque mexemos com o uso de inseticidas que tem que ser feito de maneira racional. Além disso, somos um modelo para outros países”, afirmou o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
No mundo, em 2002, a OMS estimava em 80 milhões o número de pessoas infectadas, com exceção da Europa. Naquele ano, 500 mil de pessoas procuraram um hospital com os sintomas da dengue e 20 mil pessoas morreram em decorrência da doença.
(Por Luiz Augusto Gollo , Agência Brasil, 13/09/2009)