Rios poluídos com mercúrio, solo remexido, patrimônio nacional retirado sem pagamento de impostos e violência. Esse é o saldo deixado pelos garimpos em parques e reservas da Amazônia. No final de julho, 15 pessoas foram autuadas por retirar ouro sem autorização de dentro da dentro da Floresta Nacional (Flona) do Amapá. No final de agosto, foi a vez da Floresta Nacional de Carajás, no Pará, quando cinco garimpeiros foram autuados.
Segundo o chefe da Flona, Frederico Martins, essas autuações são frequentes. “Isso ocorre uma vez por mês, em média. São moradores de vilas vizinhas, ou da própria cidade, que ficam acampados”, conta. A floresta de Carajás fica no leste do Pará, ao lado da mina de Serra Pelada, explorada por milhares de garimpeiros na década de 1980 e considerada o maior garimpo a céu aberto do mundo.
Água suja
Para o meio ambiente, o principal prejuízo dessa atividade é a poluição da água, que começa com o desvio dos rios e córregos. Depois disso, os garimpeiros jogam um jato de água sobre a terra, para desprender o ouro contido no solo, causando muita lama e assoreando os cursos d’água. Para separar o ouro de outros minerais, é utilizado o mercúrio, um metal tóxico causador de várias doenças, que contamina os rios. Dependendo da tamanho do garimpo, pode ocorrer até um rebaixamento do lençol freático, prejudicando as nascentes. “Fazemos de tudo para não chegar a esse ponto”, afirma Martins.
Problemas sociais
Não são apenas os rios que sofrem com o garimpo. Segundo o Instituto Chico Mendes – órgão federal responsável pelos parques e reservas federais – nas minas clandestinas do Amapá foram encontrados altos índices de alcoolismo, prostituição e notícias de mortes violentas.
Fronteira
No Amapá, o maior parque brasileiro também é vítima da mineração clandestina. O Montanhas do Tumucumaque foi criado em 2002 para se transformar em destino turístico, mas sua atração principal é uma pequena vila, conhecida por Ilha Bela, usada como acampamento-base para os garimpeiros brasileiros que exploram ouro na Guiana Francesa. As tentativas de desmantelar a vila, que tem cerca de 200 habitantes, foram muitas. Em uma operação realizada em fevereiro, um gerador a diesel foi apreendido e precisou ser retirado de helicóptero. Seu dono cobrava entre 1 e 2,5 gramas de ouro por semana pela energia elétrica fornecida a cada casa.
(G1, 12/09/2009)