O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) denunciou nesta quarta (09/09) que invasores e acampados ligados a movimentos sociais estariam matando o gado de fazendeiros em Marabá, no Pará. "Se fosse na minha propriedade, levariam um tiro na cara", afirmou o parlamentar paraense. Ele apresentou fotos e um vídeo durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara, quando também chamou o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, de "senil" para ocupar o cargo.
Durante a audiência pública promovida para debater os conflitos agrários no Pará, Queiroz mostrou fotos de bois mortos a tiros e facadas e, depois, um vídeo onde supostos acampados estariam se organizando para matar "posseiros", enquanto se dirigiam à Fazenda Santa Bárbara.
O deputado paraense criticou também o fato de o cargo de ouvidor agrário nacional ser ocupado por uma pessoa "senil", que "não teria condições de exercer as atribuições da função" por causa da idade avançada. Gercino José participou da audiência junto com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e reforma Agrária (Incra), Rolf Hackmart.
Com 62 anos de idade, o ouvidor é um ano mais novo do que o deputado Queiroz, nascido em 1946, de acordo com informação que consta do site da Câmara. Tanto o vídeo como as declarações de Queiroz foram repudiadas por parlamentares que não fazem parte da bancada ruralista. "Nunca vi um ministro de Estado ser tão massacrado e desrespeitado por alguém da própria base do governo, como estou vendo hoje, de forma tão preconceituosa. Peço que essas falas inclusive não sejam registradas para evitar prejudicar a imagem da Casa", disse o deputado Eudes Xavier (PT-CE).
Xavier criticou também os vídeos e fotos apresentados por Queiroz. "Acho que os documentos apresentados aqui precisam antes ser qualificados pela Polícia Federal", defendeu. "Precisamos investigar a origem desse vídeo", acrescentou o deputado Domingos Dutra (PT-MA). Segundo ele, a bancada ruralista adota um discurso preconceituoso e não leva em consideração que "o maior número de vítimas da violência no campo é de integrantes dos movimentos sociais."
O deputado Anselmo de Jesus (PT-RO) disse ter estranhado algumas falas dos supostos acampados, gravadas em vídeo. "Eles [acampados] não costumam se referir aos fazendeiros como 'posseiros'", argumentou. Em diversos momentos da filmagem, os supostos acampados estimavam "quantos posseiros" iriam matar.
(Por Pedro Peduzzi, Agência Brasil / Amazonia.org.br, 10/09/2009)