O uivo desesperado da cadela Pituca, rodeada por três filhotes que haviam acabado de nascer e já estavam mortos, denunciava na manhã de ontem o abandono da Associação Cachoeirense de Proteção Animal (Acapa). Vomitando sangue, sem comida e nem água, Pituca não tinha força nem para levantar. Assim a cadela esperava a morte deitada sobre um cobertor velho e sem assistência alguma da associação, que sobrevive com recursos da comunidade.

A situação de Pituca, cadela que permanecia agonizando na noite de ontem, foi uma das conferidas pelo vereador Cleber Cardoso (DEM) na Acapa na manhã de ontem. A denúncia do caos na entidade protetora dos animais chegou à Câmara de Vereadores pelo ex-caseiro da Acapa, Alessandre Oliveira Braz, 28 anos. Ele e sua esposa trabalharam na associação por 35 dias e desistiram do emprego depois de supostamente terem sido pressionados a aplicar medicamentos vencidos em animais doentes.

Alessandre acompanhou Cleber na visita à Acapa e não tinha ninguém para atender na associação. Os mais de 100 animais estavam abandonados, sem água e nem comida. Fezes e urina dos animais tomavam conta dos canis e do pátio e todas as mais de 10 lâmpadas da associação, que tem conta de luz paga pela Prefeitura, estavam ligadas em plena manhã de sol. Na visita de pouco mais de 10 minutos o telefone da Acapa tocou cinco vezes. Do outro lado da linha possivelmente estivesse alguém querendo adotar um animal, mas o abandono da associação impediu que pelo menos um daqueles cães ganhasse a chance de um lar mais digno.

HORROR - O vereador Cleber Cardoso saiu horrorizado da Acapa e afirmou que encaminhará o caso para o Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) e ao prefeito Sérgio Ghignatti. “A Prefeitura paga água, luz e aluguel para a Acapa. Que fim leva o dinheiro da contribuição dos sócios? Este recurso deveria ser investido na compra de comida e remédio, mas estão aqui os baldes de armazenamento de ração vazios e os medicamentos vencidos”, lamentou o vereador. A situação da Acapa será relatada por Cleber Cardoso na sessão da Câmara da próxima segunda-feira.

(Por Patrícia Loss, Jornal do Povo, 11/09/2009)