Os municípios do extremo-oeste de Santa Catarina atingidos por um tornado na madrugada da última terça-feira (08/09) começaram o lento trabalho de reconstrução de casas, escolas, galpões e ginásios afetados pela chuva e pelo vento forte. O município mais castigado foi Guaraciaba, próximo à fronteira com a Argentina, que registrou um total de 9.100 pessoas atingidas, 667 prédios danificados, 89 feridos e quatro mortes.
O governador Luiz Henrique da Silveira esteve ontem (10) na região conferindo os estragos. Árvores partidas ao meio, plantações completamente arrasadas, casas destruídas, postes de eletricidade derrubados e centenas de moradores vagando pelos escombros, tentando resgatar algum objeto de valor que não tenha sido levado pela ventania.
“O que eu combinei com o ministro Geddel [Vieira Lima, da Integração Nacional] é que nós não vamos aguardar que 64 municípios decretem emergência e façam toda a documentação. Nós estamos decretando emergência nesses municípios e vamos encaminhar, na semana que vem, um levantamento preliminar dos prejuízos, pedindo uma verba para atender situações como essa. Ajudar nossos pequenos agricultores para que eles possam recompor suas vidas e voltar a produzir”, disse Luiz Henrique, durante visita às propriedades mais afetadas.
Impressionado com o cenário da destruição, o governador disse que não se pode esperar muito tempo pela liberação de recursos federais. “Nós não vamos esperar a verba. Estamos investindo também dinheiro do estado para reconstruir rapidamente, como já determinei em relação a quatro escolas e dois ginásios de esportes que foram destruídos, recursos da ordem de R$ 2 milhões. As empresas já foram contratadas em caráter de emergência para reconstruir logo esses estabelecimentos”, afirmou.
O governador adiantou que fez um convite ao ministro Geddel para sobrevoarem juntos a região atingida: “Ele me disse que vai fazer tudo muito rapidamente. Logo que o tempo permitir, eu quero sobrevoar com ele todas essas regiões. E, quem sabe, ele já possa dizer o valor que vai ser disponibilizado e até anunciar que o recurso está sendo repassado para o Fundo Estadual da Defesa Civil”.
Entre as propriedades visitadas pelo governador, uma das que mais lhe impressionou foi a de Ivanir Gabrielli, de Linha Tigre, no interior de Guaraciaba. Andando de um lado para outro sobre a lama, mostrando os estragos do vendaval, o agricultor parecia que ainda não tinha entendido tudo o que havia se passado.
“De repente, levantou a casa. A minha esposa e minha mãe gritavam e choravam. Nós corremos para a outra casa, que é de tijolos, para sobreviver. Mas desabou uma parede sobre a perna da minha esposa, que precisou levar 40 pontos. Foi uma cena de guerra”, contava ele, que admitiu estar há três dias sem dormir.
Sem condições de reconstruir o imóvel, que acabou partido ao meio, Ivanir mandou a família para a casa da cunhada Loreni Petri, a cerca de dois quilômetros. Lá, o tornado também deixou estragos, mas a intensidade foi menor. “Eu moro numa casa de madeira. Quando deu o primeiro vento, corri com minhas duas filhas para debaixo da mesa. Quando diminuiu, nós corremos para o banheiro, que é de tijolos, e ficamos rezando, pedindo a Deus que parasse de uma vez. A noite toda ficamos na chuva, porque não tinha mais telhado. Era só água dentro de casa”, lembrou Loreni.
Segundo o último balanço da Defesa Civil de Santa Catarina, 88.866 pessoas foram atingidas em 68 municípios do estado, com 172 feridos e 17.478 prédios afetados.
(Por Vladimir Platonow, com edição de Graça Adjuto, Agência Brasil, 11/09/2009)