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biodiesel biodiesel de pinhão manso geração de energia
2009-09-11

Unidade foi projetada a partir de 2007 e servirá de base para projetos voltados à produção de alimentos e energia
  
Um projeto que nasceu cercado de polêmicas envolvendo desde seus objetivos até os investimentos entra em nova fase a partir deste fim de semana em Santa Cruz do Sul. Com presença confirmada de representantes do presidente Luís Inácio Lula da Silva e da Petrobras, inaugura amanhã o Centro de Formação e Produção de Alimentos e Bionergia São Francisco de Assis, que será controlado pela Cooperfumos, uma cooperativa ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Construído em uma área de 41 hectares defronte ao portão do Autódromo Internacional na BR-471, o complexo chega com uma proposta diferenciada para estimular a diversificação e gerar renda entre as famílias rurais. No local foi instalada uma usina na qual haverá fabricação de biodiesel a partir de oleaginosas como tungue e pinhão-manso e do óleo usado em frituras. Além disso, uma outra unidade de beneficiamento vai possibilitar a fabricação de álcool com cana-de-açúcar. Os combustíveis, nessa primeira fase, estão sendo usados para abastecer os veículos da cooperativa.

A geração de energia, no entanto, não é a única meta da Cooperfumos. De acordo com o projeto elaborado pelo MPA e custeado com recursos captados junto ao governo federal, será oferecida formação para famílias de agricultores vindas de diversos pontos do Estado. Os cursos, com duração média de 15 dias, vão ensinar técnicas envolvendo a produção consorciada de alimentos e oleaginosas. Conforme o presidente da cooperativa, Gilberto Tuhtenhagen, existe uma equipe técnica capacitada a repassar esse tipo de orientação.

A proposta está baseada em etapas. Na primeira os agricultores aprendem como plantar as oleaginosas de maneira consorciada. Quando a produção estiver no auge eles vão enviar as sementes para beneficiamento na usina do MPA e a cooperativa fará a venda do combustível. A renda vai ser dividida com os associados. “O agricultor seguirá produzindo alimentos para sua família ou comercialização. Enquanto isso vai estar cultivando as oleaginosas”, explica Tuhtenhagen. A cooperativa conta com 12 mil sócios no Estado e todos podem ser atendidos.

ESTRUTURA
Na área cedida pelo ex-prefeito José Alberto Wenzel (PSDB) a Cooperfumos montou uma estrutura na qual poderão ser desenvolvidas atividades de treinamento dos associados e também de fabricação do biodiesel. O investimento em obras chega a R$ 5 milhões, envolvendo recursos próprios da Cooperfumos e também crédito captado junto ao governo federal. Segundo Tuhtenhagen, ainda há previsão de mais R$ 4,7 milhões para financiar outras melhorias e instalação de mais equipamentos.

A previsão é de que o funcionamento pleno ocorra dentro dos próximos dois anos, mas antes disso as máquinas da usina poderão operar com boa capacidade. Com o que já existe no Centro de Formação, há capacidade para produção de 30 mil litros de biodiesel ao mês, conforme autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Só não conseguimos mais porque falta matéria-prima”, explica. A meta é chegar a 150 mil litros mensais quando a produção de sementes for ampliada.

Inauguração 
A solenidade de inauguração do Centro está marcada para iniciar às 9h30 na sede da unidade em Capão da Cruz Oeste e segue até por volta das 13 horas. Entre as presenças confirmadas estão o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, o líder do governo federal na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana, o diretor da Petrobras Biocombustíveis, Jânio Rosa, e Paulo Maudos, do gabinete da Presidência da República. Também vão participar representantes políticos da região. Entretanto, desde ontem ocorrem atividades no local, com o seminário estadual de lideranças dos pequenos agricultores, que vêm discutindo estratégias envolvendo a produção regional. Hoje à noite ocorrerá o lançamento do livro Energia Eólica, de Ronaldo Custódio, diretor da Eletrosul (veja abaixo).
 
Memória 
•• O projeto para construção da usina do MPA foi apresentado no começo de 2007. A proposta inicial previa a instalação da unidade em Rio Pardo. Na época representantes do grupo e também da Via Campesina chegaram a conversar com o prefeito Joni Lisboa da Rocha (PTB), mas um grupo de entidades ligadas ao meio rural do município se manifestou contrário à proposta por considerar a iniciativa pouco atraente para a economia local. Além disso, eles argumentaram que faltavam informações técnicas sobre a viabilidade da cooperativa, conforme mostrou a Gazeta do Sul (abaixo).

•• O prefeito rio-pardense disse que se tratava de um recuo à proposta, mas que ainda estaria interessado no empreendimento. Entretanto, em Santa Cruz do Sul a Prefeitura e vereadores se mobilizaram para aprovar a cedência da área e o MPA iniciou as obras no local. Em agosto de 2007 ocorreu a primeira inauguração da usina, com a apresentação de garrafas de álcool proveniente de cana-de-açúcar produzidas na região. O ex-prefeito José Alberto Wenzel e os administradores da unidade batizaram o complexo com o nome de São Francisco de Assis, o santo protetor do meio ambiente. A escolha ocorreu devido à proposta de produção de energia com fontes renováveis, o que pouparia os recursos naturais.
 
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 11/09/2009)


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