A ação de fungos nas lavouras de trigo do Estado é uma das principais preocupações de produtores e técnicos para esta safra de inverno. A diretora técnica da Emater, Águeda Mezomo, explica que as precipitações em excesso são prejudiciais para o trigo nesta época por favorecerem o aparecimento de fungos nos trigais.
–A presença de doenças fúngicas diminui o número de folhas nas plantas e prejudica a formação dos grãos. A chuva também desgasta o solo porque leva à perda de nutrientes, o que também será prejudicial às lavouras de trigo e milho no verão – diz Águeda.
Em razão do quadro climático desfavorável à cultura nas últimas semanas, reforçado pela chuva forte que caiu nas regiões produtores no início da semana, a Emater estima quebra de 15% na lavoura de trigo no Estado. A previsão inicial era de colher 1,7 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul e, caso a nova projeção se confirme, o volume cairia para 1,44 milhão de toneladas.
Conforme levantamento da Emater, a zona produtora mais atingida é a de Passo Fundo, no Planalto, e a onde menos estragos foram verificados até agora é a de Santa Rosa, no Noroeste do Estado. O gerente regional da Emater de Passo Fundo, Claudio Doro, diz que ainda não foi possível precisar os estragos nas lavouras de trigo dos municípios sob abrangência da unidade, mas a instabilidade dos últimos dias tornou ainda mais crítica a situação a cultura. Além da umidade, o granizo que atingiu a cidade de Victor Graeff também ocorreu no Interior, causando prejuízos ainda não quantificados.
– O trigo precisava de pouca chuva, muito sol e temperaturas baixas. E está ocorrendo o contrário – observa.
Para Doro, a situação só não é mais preocupante porque a maioria das lavouras está em fase de desenvolvimento vegetativo, período em que a recuperação ainda é possível. Os prejuízos seriam maiores se a cultura estivesse em enchimento de grãos.
(Zero Hora, 11/09/2009)