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emissão de ruídos conservação dos cetáceos vida marinha
2009-09-11

A evolução dotou os habitantes dos mares com uma audição sensível, mas não os preparou para a invasão humana. Hoje, a poluição sonora ameaça o equilíbrio acústico nos oceanos. As águas quentes do mar Tirreno, ao norte da Sicília, Itália, acolhem golfinhos e baleias. Mas o turismo crescente e o desenvolvimento industrial fazem mal a estes animais, uma preocupação para Laura Abbriano, fundadora da Aeolian Dolphin Research, que vê os problemas dos mamíferos marinhos como um sintoma de uma ameaça maior. “Estudamos cetáceos, principalmente porque estes animais estão no topo da cadeia alimentar e os seus comportamentos permitem-nos determinar as condições gerais da nossa envolvente marinha.”

Tudo tem a ver com equilíbrio. Tal como qualquer ambiente natural, o ecossistema subaquático é gerido pelo equilíbrio entre os diversos organismos que o habitam. Qualquer ruptura na cadeia alimentar pode ter consequências sérias para muitas espécies. Ameaças não faltam, particularmente um tipo de poluição provocada pelo homem que é tão perigosa como pouco analisada: a contaminação dos oceanos com ruídos artificiais.

Michel André, coordenador da missão LIDO , Director do Laboratory of Applied Bioacoustics (UPC), diz que “é necessário compreender que alguns dos organismos marinhos que vivem neste ambiente há milhões de anos adaptaram-se graças à informação que recebem através do som, em particular os mamíferos marinhos, os cetáceos que utilizam o som para todas as suas actividades. Se as nossas emissões de ruído contaminarem as áreas onde vivem, impedindo-os de receber correctamente as informações, as suas vidas estarão em perigo.”

Para os cetáceos, o som é o meio primário de conhecer o ambiente envolvente, comunicar, navegar e procurar alimento. Não podem apoiar-se noutros sentidos, porque a sua eficiência na água é limitada.

Ruídos fortes produzidos pelo homem, como os sonares industriais e militares, sistemas acústicos experimentais e os transportes marítimos podem traumatizar e incapacitar os cetáceos amortecendo os sons que são fundamentais para a sua sobrevivência. “Para estes animais, as atividades diárias tornam-se difíceis com possibilidades mais reduzidas de capturarem presas e orientarem-se através do som”, explica André. Alguns dos sons produzidos pelos mamíferos marinhos podem ser escutados debaixo de água a uma distância de vários quilômetros.

O efeito negativo da poluição sonora está a vindo de cima, apesar dos dados científicos ainda serem escassos. Por isso, os cientistas estão a mergulhando hidrofones em águas profundas, centenas de metros abaixo da superfície. Estes dispositivos podem recolher dados suficientes para localizar com precisão qualquer emissão sonora nas suas proximidades.

Implantado no fundo do mar, um observatório acústico não perturba a vida submarina. O método é portanto mais amigo do ambiente do que os tradicionais instrumentos de escuta a bordo de navios e tem a grande vantagem de permitir um acesso contínuo aos dados. Com a infra-estrutura certa, estes observatórios podem enviar dados para terra em tempo real. Um exemplo que pode ser visto no porto de Catânia, na Sicília, no laboratório que faz parte do projeto europeu LIDO.

Giorgio Riccobene, Investigador auxiliar no Laboratori Nazionali del Sud, INFN explica que “Um hidrofone tanto pode ser baixado de um navio para uma gravação local, como no caso do LIDO, ser instalado debaixo de água e conectado por fibra óptica a computadores numa estação em terra. Isso permite escutar em terra e em tempo real os sons produzidos pelos cetáceos a uma distância de muitos quilómetros.”

O projeto LIDO – “Listening to the Deep Ocean Environment” – está sendo coordenado no Laboratório de Bioacústica Aplicada em Vilanova i la Geltrú, próximo de Barcelona, Espanha. É o centro de referência onde todos os dados sonoros, recebidos da rede ESONET de observatórios submarinos, estão a ser concentrados e processados, uma rede que conta com 11 observatórios por toda a Europa, um dos quais ao largo de Sagres.

A base científica aqui estabelecida deve permitir aos computadores automaticamente identificarem e classificarem os diferentes sons de origem biológica ou artificial e também ler e analisar padrões de sons distintos. O sistema está a ser desenhado para monitorizar constantemente as populações marinhas europeias, fornecendo conhecimentos sobre os seus padrões de migração, distribuição e reações ao ruído humano.

Toda esta informação estará disponível na internet. “Desenvolvemos uma página web que vai permitir aos utilizadores ligarem-se e escutarem em tempo real as emissões sonoras que chegam de todos os observatórios e visualizar isso como um sonograma – uma imagem em tempo real do som que indica a presença de um cachalote, um golfinho ou um barco e mostra como interagem”, informa Michel André.

A ameaça colocada aos cetáceos pelas atividades humanas pode ser mitigada por um melhor conhecimento do papel do som na vida das baleias e dos golfinhos. A única maneira de aprender mais é escutando as profundezas.

Conheça: http://www.sonsdemar.eu/ e http://www.lab.upc.es/

(ANDA, com informações de Euronews, 10/09/2009)


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