Tudo indicava que seria apenas mais uma solenidade na Câmara de Vereadores para promover a Cúpula Amazônica de Governos, evento que acontecerá pela primeira vez em Manaus em Outubro. Após o lançamento oficial na Cúpula Hemisférica de Prefeitos em Mar Del Plata e de sua divulgação em Atlanta, lançar o evento “em casa” não parecia tarefa difícil para o poder municipal. Porém, para surpresa geral, quatro manifestantes pararam a sessão ao estender um banner com a mensagem: Prefeito, Não deixe o Mindu virar um Tietê, Parques Sim, Marginal Não.
Os manifestantes faziam alusão ‘a Marginal do Mindú, um projeto de infra-estrutura que, sem aprovação dos colegiados pertinentes e sem licença ambiental, já está sendo executado. Parte das vias que formam a suposta Marginal já foram abertas, causando perda de vegetação e fomentando, no último final de semana, uma onda de ocupação irregular com fins de indenização. Novamente é a incongruência das políticas de governo ameaçando a Amazônia e qualidade de vida de seus moradores.
Em outubro de 2007, após vários anos de pressão por parte de moradores e entidades ambientalistas, o Corredor Ecológico do Mindú foi criado por decreto municipal. Além dos trechos remanescentes de APP (Áreas de Preservação Permanente), o Corredor abrange as áreas verdes de 12 conjuntos habitacionais e três Unidades de Conservação (UC).
Ainda em 2007, após uma subida de nível que causou inundação, destruição de casas e muitos prejuízos, a Prefeitura de Manaus, através do Ministério das Cidades, recebeu R$120 milhões da Caixa Econômica Federal para promover a recuperação ambiental e a requalificação urbanística e social de suas margens.
Em abril de 2009, no entanto, a Prefeitura de Manaus, ao que tudo indica, modificou o projeto original, propondo a construção de uma marginal que cortará o corredor ecológico e duas das UC dentro de seus limites. A demanda dos manifestantes é de as intervenções sejam imediatamente suspensas, a ocupação irregular contida e que seja realizada uma audiência pública para esclarecimentos sobre o projeto.
A mensagem está dada, como Prefeito de uma das sedes “amazônicas” da Copa de 2014, e único brasileiro recentemente agraciado com prêmio da ONU, o Américas Award, por excelência no Serviço Público, a Amazonino Mendes, só resta fazer por merecer.
(Por Raquel Carvalho, Blog do Greenpeace, 09/09/2009)