A Eletrobrás e o Ibama iniciam, nesta quinta (10/09), a série de quatro audiências públicas que serão realizadas no Estado para discutir os impactos da implantação da usina hidrelétrica de Belo Monte. Esta será a última oportunidade que a população terá para dizer como deseja ver revertidos os benefícios que a megausina pode trazer para o Pará. As audiências serão realizadas em Belém, Vitória do Xingu, Altamira e Brasil Novo. Segundo o Ibama, qualquer cidadão pode apresentar documentos, denúncias, sugestões e protestos que serão apreciados e anexados ao processo de licenciamento da usina, que se arrasta há mais de 20 anos.
Na opinião do MPF Pará, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que está sendo analisado pela instituição, apresenta pontos que desagradam aos ambientalistas. Um dos especialistas que pretende contestar o projeto é Glenn Switkers, da ONG International Rivers. Ele promete estar presente às audiências públicas para colocar em pauta a sua tese de que a usina é inviável em decorrência do período de seca do Rio Xingu.
Também estarão presentes os que apoiam a construção da usina, como os prefeitos do Consórcio Belo Monte, formado pelas prefeituras dos 11 municípios da área de influência da futura hidrelétrica. Mesmo esses prefeitos, que já foram chamados pelos que se opõem à usina de “claque” da Eletrobrás querem se posicionar. Silvério Fernandes, vice prefeito de Altamira, já avisou: “nossa postura vai ser de muita responsabilidade com o futuro da região. Existe hoje uma preocupação muito grande com o impacto social pós-construção de Belo Monte”.
Segundo Silvério, os prefeitos não pretendem fazer papel de “claque”. “Vamos apresentar nossas demandas. Queremos que conste no relatório tudo aquilo que já discutimos, exaustivamente, com os técnicos da Eletronorte e Eletrobrás. Não podemos ficar só na promessa”, adverte.
Polêmicas
As últimas discussões sobre Belo Monte foram palco de grandes polêmicas. A primeira foi em 1989 e envolveu o então engenheiro da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, que foi surpreendido pela índia Tuíra. Com seu facão encostado no rosto do engenheiro, a índia mostrou que os índios da etnia Kaiapó eram contra a construção de Belo Monte.
Muniz Lopes é atualmente presidente da Eletrobrás e vem defendendo não só a construção de Belo Monte, mas também de outras cinco usinas no território paraense. Mais recentemente, um novo embate entre índios e técnicos da Eletrobrás colocou Belo Monte nas manchetes. Em maio de 2008, o engenheiro Paulo Fernando Rezende, foi ferido por índios que participavam do encontro “Xingu Vivo para Sempre”, em Altamira.
(Diário do Pará / Amazonia.org.br, 09/09/2009)