Ventos de mais de 100 km/h destruíram 70% de Guaraciaba; veículos foram arrastados
Segundo meteorologistas de Santa Catarina, o estrago causado pela tempestade que resultou na morte de quatro pessoas e destruiu centenas de casas na região oeste e extremo oeste do Estado foi consequência de tornados (que também fizeram estragos na Argentina). Árvores foram arrancadas, algumas com raízes, e várias casas foram destruídas e arremessadas pela força do vento a quilômetros de distância. Um caminhão e um carro foram virados.
O encontro do ar mais frio com o ar mais quente que predominava na região na madrugada de terça-feira (08/09) formou nuvens com grande desenvolvimento vertical, chamadas de supercélulas, responsáveis por fortes temporais com ventos de mais de 100km/h. Ontem também foi confirmada a ocorrência de tornados em Santa Cecília e Salto Veloso, na região do meio-oeste catarinense.
O governador Luiz Henrique assinou ontem decreto de situação de emergência para 32 municípios da região atingida. O documento será encaminhado para Brasília com um relatório de avaliação dos danos provocados pelas chuvas. Luiz Henrique vai manter contato com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, para solicitar a liberação imediata de recursos federais para o socorro e assistência às vítimas. Os temporais também deixaram dezenas de feridos em Guaraciaba - 40 foram hospitalizados. Pelo menos 70% das residências do município ficaram danificadas.
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, foram registradas ocorrências em outros 36 municípios. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pela falta de energia. Alguns feridos disseram ter visto pessoas sendo levantadas pela força do vento. O município de São Domingos, até o final da tarde de terça-feira, estava sem comunicação. Outros municípios, como Vargem Bonita, com registro de destelhamento em 180 residências, permanecia sem água e energia elétrica. Em Blumenau, no Vale do Itajaí, foram registrados destelhamentos, quedas de árvores e o desabamento de um galpão da empresa de ônibus.
Curitiba
As chuvas que caíram sobre o Paraná nos últimos dias deixaram prejuízos para mais de 10.700 pessoas de 48 municípios, segundo boletim divulgado ontem pela Defesa Civil. As informações preliminares mostram que 2.838 edificações sofreram avariadas, das quais 13 foram totalmente destruídas.
No interior do Estado, 122 pessoas estavam desabrigadas. Em Curitiba, a Fundação de Ação Social (FAS) precisou dar abrigo para cinco famílias. Segundo a prefeitura de Curitiba, por volta das 15h30, 70 pessoas foram surpreendidas no Jardim Santos Andrade com a cheia do Rio Barigui. Elas acabaram ilhadas e foram retiradas com a ajuda da Defesa Civil municipal. Os Rios Ivo e Belém, que também cortam Curitiba, chegaram a transbordar em vários pontos, provocando alagamentos. No Bairro Alto da XV, a chuva de granizo entupiu a calha de um shopping e fez com que parte do teto desabasse, alagando lojas e obrigando ao fechamento do local. Não houve feridos.
Misiones
A presidente argentina Cristina Kirchner visitou ontem a área devastada pelo tornado que assolou a província de Misiones entre a noite da segunda-feira e a madrugada da terça. O tornado provocou a morte de dez pessoas e feriu 60.
O foco da destruição do tornado foi o município de San Pedro, perto da fronteira com o Paraná e Santa Catarina. O governo federal enviou 16 toneladas de alimentos, colchões, roupas e chapas de zinco aos desabrigados.
(Por Júlio Castro, com colaboração de Evandro Fadel e Ariel Palacios, O Estado de S. Paulo, 10/09/2009)