Através do Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono (Cepac), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) realiza uma pesquisa que pode contribuir para a geração de energia e para o meio ambiente. O trabalho prevê injetar gás carbônico (CO2) em uma jazida de carvão, através de perfuração, para expulsar o gás metano por outro poço paralelo.
O coordenador do Cepac, João Marcelo Ketzer, relata que o metano pode ser utilizado para a produção de energia elétrica ou térmica. O projeto Carbometano Brasil, que é financiado pela Petrobras, está sendo conduzido na jazida de Charqueadas, da empresa Copelmi, localizada em Triunfo. O primeiro poço já foi concluído e o segundo deve ser finalizado ainda neste mês. As perfurações têm cerca de 400 metros de profundidade e 12 centímetros de diâmetro e serão revestidas com aço e cimento especial (com alta resistência a um ambiente ácido).
Ketzer explica que o metano é formado conjuntamente com o carvão. O gás é um dos fatores, por sua característica explosiva, que pode causar acidentes nas minas de extração deste mineral. Além do aproveitamento do metano para a geração de energia, a iniciativa da Pucrs pode contribuir para atenuar o impacto ambiental de um dos causadores do efeito estufa. Ketzer esclarece que ao injetar o CO2 no subsolo ele fica aprisionado, ligando-se quimicamente ao carvão. Apesar de ser uma vantagem ecológica, a ação, no atual mercado de créditos de carbono, não tem direito ao benefício. O coordenador do Cepac acredita que essa questão deverá ser debatida na Conferência Mundial Sobre o Clima das Nações Unidas que acontecerá em Copenhagen, na Dinamarca, no final do ano.
Ketzer argumenta que o gás carbônico usado para extrair o metano pode ser obtido do resultado de atividades de petroquímicas, cimenteiras ou de termelétricas a carvão ou gás natural. No entanto, a separação do CO2 dos outros gases oriundos do processo industrial ainda implica grandes investimentos. A pesquisa desenvolvida pelo Cepac também contribuirá para avaliar a viabilidade econômica do aproveitamento do metano através do armazenamento do gás carbônico.
Ketzer salienta que o Rio Grande do Sul não conta hoje com uma reserva de gás natural e o metano, proveniente das jazidas de carvão, pode ser uma alternativa para substituir a importação daquele insumo. O professor e pesquisador Roberto Heemann lembra que 90% das reservas de carvão estão em solo gaúcho. Além da Petrobras e da Copelmi, participa do projeto do Cepac a Holcim (fornecedora de cimento para poços de petróleo).
(Jornal do Comercio - RS, 09/09/2009)