O presidente da Câmara, Michel Temer, informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai retirar o regime de urgência constitucional dos quatro projetos (PLs 5938/09, 5939/09, 5940/09, 5941/09) que regulamentam a exploração do pré-sal. Com a retirada da urgência, acaba a obstrução da oposição na Câmara e permite-se o andamento da tramitação dos projetos do pré-sal.
O prazo-limite de 45 dias para a tramitação das propostas na Câmara levou a oposição a obstruir os trabalhos. O presidente Lula atendeu ao pedido de Michel Temer e foi estipulado um novo prazo de 60 dias, a partir de agora. A extensão do prazo foi possível, segundo Temer, devido a um acordo que ele vem articulando desde terça-feira (08/09) entre os governistas e a oposição para garantir a votação dos projetos na Câmara.
O presidente da Câmara se comprometeu a colocar os projetos do pré-sal em votação no Plenário no dia 10 de novembro, mesmo que as comissões especiais ainda não tenham encerrado a análise das matérias. O novo prazo para apresentação de emendas aos quatro projetos do pré-sal é o dia 18 de setembro. Diante das mudanças, o líder do PSol, Ivan Valente (SP), defendeu em discurso feito no plenário o direito de qualquer parlamentar apresentar emendas aos projetos, sem necessidade das 103 assinaturas exigidas pelo regime de urgência.
Outra ressalva ao acordo foi expressa pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Ele disse que o novo prazo não satisfaz as pessoas que lutam pelo meio ambiente. "São só mais quinze dias, não resolve o problema de fundo", disse. Ele sustenta que os projetos de lei precisam ser repensados para incluir a questão ambiental. "É possivel que eu venha a pedir mais flexibilidade nesse prazo", adiantou Gabeira.
Líderes comemoram
O líder do Democratas, deputado Ronaldo Caiado (GO), considerou a ampliação do prazo para a apresentação de emendas uma oportunidade de discutir o tema com especialistas para melhorar os projetos que vieram do Executivo. Ele salientou ainda que o acordo resgata a autonomia da Câmara para montar sua própria agenda. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), concorda: para ele, a atitude favorece a boa atuação parlamentar.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), declarou orgulhar-se da solução encontrada. Ele lembrou que no início o presidente Lula não desejava a urgência constitucional e que foram os lideres da base que o convenceram a requerê-la. "Mas a obstrução da oposição nos levou a repensar", explicou.
Para o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), não houve recuo do governo, mas uma atitude de Lula em prol da "harmonia necessária entre Executivo e Legislativo. "Como o presidente Temer se propôs a ser o fiador desse grande acordo, assumindo e marcando a data de votação para 10 de novembro, nós entendemos que, para o governo, é uma saída muito positiva. A preocupação do governo é com a rapidez, ao mesmo tempo em que tenhamos toda a liberdade para fazer o debate, apresentar emendas".
O líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que "nada será mais importante nessa legislatura, e possivelmente na próxima, que a regulamentação do pré-sal".
(Agência Câmara, com edição de Patricia Roedel, 09/09/2009)