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consumo de carne frigoríficos/agroindústrias crueldade com animais
2009-09-10

Mais de 60 mil pessoas já haviam visitado a Expointer no seu segundo dia de programação, quando cerca de 50 pessoas se posicionava em frente à entrada principal para realizar um alerta. A manifestação organizada por diversas ONGs do RS buscou chamar a atenção dos visitantes da maior feira agropecuária do estado para a forma como os animais são tratados pelos agropecuários e, principalmente, por todos nós. A intenção, com isso, era, segundo Rafael Jacobsen, “oferecer às pessoas a possibilidade de exercer seu senso crítico”.

Jacobsen é coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira – Grupo Porto Alegre, e organizou a manifestação, da qual ele fala nesta entrevista, concedida à IHU On-Line por telefone. “Por incrível que pareça, pessoas que estavam circulando pela Expointer compreenderam e simpatizaram com a ideia e, além disso, muitas se revelaram interessadas em conhecer mais a respeito disso”, contou ele. Rafael Bán Jacobsen é graduado em Física. Há mais de dez anos é vegetariano e luta para divulgar as vantagens dessa prática. É coordenador da SVBPoa.

Confira a entrevista.

IHUnisinos - Como foi a manifestação realizada na Expointer?
Rafael Jacobsen –
A manifestação daquelas entidades que reivindicam os direitos dos animais aqui no estado foi pacífica e voltada à conscientização do público. O que aconteceu, basicamente, é que ativistas pela causa animal de diversas ONGs e também ativistas independentes se reuniram junto ao portão principal de acesso do Parque de Exposições Assis Brasil (Esteio/RS), no dia de abertura da feira, para que as pessoas tivessem outra visão a respeito do que se passa neste evento e o que ele representa. Colocamo-nos (os ativistas) no portão de acesso com cartazes, com faixas, trazendo esta questão da exploração animal à tona para que as pessoas pudessem repensar, para que vissem o outro lado da moeda.

Além disso, aproveitamos essa questão da gripe suína, que está muito em voga. Por isso, vários ativistas usaram máscaras cirúrgicas, que visam evitar a contaminação pelo vírus, com máscaras de porco, para que as pessoas se dessem conta de que o modo e as condições de criação dos animais não fazem mal só aos próprios animais, pelo contrário, fazem mal também aos humanos que acabam sendo verdadeiros criadouros de novos tipos de vírus e acabam provocando essas pandemias que vemos tão seguidamente, como a gripe aviária e a gripe suína. Nesta última manifestação, tínhamos até bastante ativistas, pois conseguimos reunir entre 40 e 50 pessoas.

O interesse deste tipo de manifestação é mostrar às pessoas outra faceta da realidade, é ser uma voz dissonante. A mim, o que mais impressiona em relação à Expointer é essa capacidade que os promotores, os criadores, pecuaristas e comerciantes tiveram de vender a imagem da feira como algo muito mais nobre do que aquilo que ela realmente é. A Expointer é uma feira como outra qualquer, promovida por interesses econômicos. Através de um forte trabalho de mídia, e isto ao longo de décadas, os promotores da Expointer conseguiram colocar na mente da população gaúcha de que é um símbolo do que há de melhor em nosso estado, motivo de orgulho e exaltação, e não apenas uma feira de agropecuária, cujo combustível é o sofrimento dos animais.

E este trabalho de venda de imagem foi tão insistente e tão bem feito que a população em geral de fato se orgulha da Expointer, não consegue facilmente enxergar o que há por trás dela. É exatamente neste sentido que as manifestações vêm. Tentando pouco a pouco eliminar esta imagem construída e oferecer às pessoas a possibilidade de exercer seu senso crítico, coisa que está muito em falta.

Como o público que visitava a exposição reagiu?
Jacobsen –
As manifestações são sempre bastante variadas. Por incrível que pareça, pessoas que estavam circulando pela Expointer compreenderam e simpatizaram com a ideia e, além disso, muitas se revelam interessadas em conhecer mais a respeito disso. Mas, é claro, há sempre aquelas pessoas que não entendem muito bem, ou pior, entendem e não compartilham do pensamento e não querem ouvir este outro lado, e isso acaba incomodando muitas pessoas. Por exemplo: havia uma mãe que passou com a sua filha que estava comendo um espetinho de carne. A menina passou olhando atentamente as faixas e a mãe, imediatamente, deu um peteleco na menina e disse para ela parar de olhar. Este tipo de reação também é muito comum.

Em alguns lugares, durante os manifestos expressos nas faixas e diante dos dizeres conclamando ao vegetarianismo, as pessoas dizem coisas do tipo: “se eu não comer carne, vou comer o que? Alface, capim?”. As pessoas têm uma desinformação e uma resistência muito grande ainda. Mas há sempre aquelas pessoas que estão abertas ao diálogo e que, de um modo ou de outro, se sensibilizam com a causa.

A manifestação do ano passado teve alguma influência na que ocorreu este ano?
Jacobsen –
Particularmente não percebi nenhuma diferença promovida na forma de organização da exposição por causa da manifestação. De algum modo, o que notei de diferente é que, ao invés de ficarmos como nos anos anteriores que era mais junto às bilheterias, já que as filas foram organizadas de modo a não deixar muitos espaços livres, ficamos um pouco mais perto do meio-fio da calçada. Mas, de modo geral, não vejo muita repercussão na organização da feira como um todo. Embora, é claro, sempre haja um tanto de barulho em torno dessa manifestação. A manifestação é sempre bem notada.

Qual sua opinião sobre o projeto acerca dos matadouros humanitários?
Jacobsen –
Matadouro humanitário é mais ou menos como estupro com camisinha. É uma imoralidade, na verdade, e que a primeira vista pode parecer que se trata de um avanço nas condições de tratamento com os animais. Na verdade, essas leis de abate humanitário já existem há muito tempo. O que se nota é que as pessoas têm uma espécie de tranquilização na consciência quando tomam contato com esse tipo de iniciativa. Elas têm a ilusão de que aquele bife que está no prato delas vem de um animal que não sofreu, que viveu de modo idílico e que morreu feliz da vida. Esse tipo de iniciativa tem muito desta filosofia embutida, alienar a consciência das pessoas e tentar fazer com que elas não enxerguem a verdade que há por trás da morte e da criação dos animais.

Como você vê a lei de proteção às cobaias?
Jacobsen –
Essa é pior ainda. É uma regulamentação, na verdade, de muitas coisas que já existiam. A Lei Arouca veio para instituir oficialmente comitês de ética, por exemplo, nas universidades, para fiscalizar a quantidade de cobaias utilizadas e forma como essas cobaias são utilizadas dentro dos próprios ambientes de pesquisa universitários. É como colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Os próprios cientistas têm agora de forma extremamente oficial, mas que já acontecia, o poder de regulamentação do que eles fazem. Isso não me parece muito decente, na realidade.

(IHUnisinos, 09/09/2009)


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