Na última terça-feira (01/09), em Abdom Batista (SC), cerca de duas mil pessoas se manifestaram contra a construção da barragem de Garibaldi, durante a primeira audiência Publica da hidrelétrica, que tinha com o lema “UHE de Garibaldi: mais energia para o País”. Participaram jovens, agricultores, vereadores, prefeitos e deputados. As intervenções foram contrárias à construção da obra, com argumentações embasadas em barragens que já foram construídas na região, onde a energia não serviu para atender as necessidades do povo e sim para o lucro das empresas.
O representante da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), disse que a audiência não era um lugar deliberativo, criticando as manifestações. Em resposta, um agricultor disse “Se a audiência não tem poder deliberativo onde vai ser o espaço pra dizermos que não queremos essa barragem?”.
A UHE está localizada no rio Canoas entre os municípios de Abdon Batista, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito e Vargem, todos situados na região serrana do estado de Santa Catarina. Segundo a empresa responsável pelo estudo ambiental e engenharia, a DESENVIX, a potência será de 175MW, a área do reservatório de 26, 79 km2, a área a ser inundada será de 16, 51km2, e terá uma altura máxima de 43 metros. Até agora o cadastro socioeconômico cadastrou 539 propriedades.
O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) protocolou um documento durante a audiência que conta com mais de 600 assinaturas. Veja abaixo:
“Nos Agricultores, meeiros, arrendatários, jovens, mulheres, vereadores, prefeitos ameaçados pela obra de Garibaldi gostaríamos de afirmar a nossa posição: SOMOS CONTRA A CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE GARIBALDI, por entender que as barragens não são feitas para atender as necessidades do povo e muito menos para desenvolver a nossa região. Que o exemplo das barragens já construídas na nossa região são de que, muita gente foi expulsa, piorou a vida das pessoas, desestruturou comunidades, entre muitos problemas.
Que como esta obra vai "definir" e mexer com a vida de muitas famílias achamos que é necessário que seja feito um amplo debate com a população local, sendo necessário para isto a realização de audiências publicas em todos os municípios e comunidades.Como os mais atingidos pela obra, nos exigimos que a decisão de construir ou não a obra, considere prioritariamente a posição da população atingida pela obra, organizada no Movimento dos tingidos Por barragens. Por isso estamos construindo uma proposta de desenvolvimento pra nossa região que será apresentada no próximo período”.
(MAB, 03/09/2009)