No início da manhã desta terça-feira (09/09), centenas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre. Eles exigem a retomada das negociações para a desapropriação das fazendas Antoniazzi, em São Gabriel. Ainda na tarde de terça, o Incra pediu a reintegração de posse do prédio. No entanto, no início da noite os manifestantes continuavam ocupando a sede do instituto.
Conforme o MST, o local é propício para o assentamento de até duzentas famílias. “O juiz se comprometeu a dar a emissão de posse, mas o Incra voltou atrás e desistiu das terras. Até agora, não tivemos nenhum explicação oficial sobre isso”, reclama Silvio dos Santos, da coordenação estadual do movimento.
Os manifestantes também exigem que o governo federal assine a portaria que altera os índices de produtividade no campo e que assente, imediatamente, as duas mil famílias que estão acampadas em beiras de estrada no Rio Grande do Sul. Os sem-terra garantem que só deixarão o prédio quando todas as reivindicações forem atendidas.
Por volta das 11h de ontem, a assessoria de imprensa informava que o Incra não havia sido comunicado das reivindicações do MST. Questionada pela reportagem, a assessoria explicou a situação das fazendas Antoniazzi.
De acordo com o instituto, a questão envolve “um imbróglio judicial e uma disputa familiar”. Desta forma, o processo de desapropriação demoraria anos. Sendo assim, o Incra resolveu desistir das terras para poder realocar recursos em outras ações. Entre elas, no apoio aos novos assentamentos que foram implantados recentemente na região de São Gabriel. Com relação aos índices de produtividade, o Incra remete o caso a Brasília.
O homicídio do sem-terra Elton Brum da Silva, ocorrido em São Gabriel durante uma desocupação, também está na pauta do MST. O movimento cobra do governo do Estado que o nome do integrante da Brigada Militar que disparou o tiro seja divulgado. “E que ele seja punido por este assassinato. Enquanto isso não ocorrer, vai prevalecer o sentimento de impunidade”, comenta Santos.
(Jornal do Comercio, 09/09/2009)