Depois de perder mais de duas dezenas de processos que moveu contra este Século Diário, a Fibria, ex-Aracruz Celulose, teve mais três processos dados como conclusos, aguardando apenas despacho do juiz Luiz Guilherme Risso, da 2º Vara Criminal de Vitória. Os processos dizem respeito a reportagens que apontam a empresa como usurpadora de terras. Os textos apontavam a empresa como ocupante de terras indígenas e quilombolas, sendo também responsável por degradar o meio ambiente no Estado.
Desta vez, os processos foram movidos pela empresa contra os jornalistas Ubervalter Coimbra, Stenka do Amaral Calado e Rogério Medeiros, mas a empresa – devidamente notificada – não compareceu às audiências de conciliação marcadas para o último dia 2, na 2º Vara Criminal de Vitória. “A empresa não compareceu e os processos foram dados como conclusos. Resta agora que o juiz emita seu parecer sobre os casos em questão”, informou o advogado dos jornalistas, Waldir Toniato.
A então Aracruz Celulose contestou as matérias intituladas “Aracruz toma terras de quilombolas e ainda processa jornalista”; “O secretário do caos ambiental e social”; “Veracel em operação: começa a poluição no sul da Bahia”; “Lobby do eucalipto se reúne no Estado a partir desta quarta-feira”; “Miséria triplica: ES quer mais 600 mil hectares com plantios de eucalipto” e “Aracruz Celulose destruiu 100 mil hectares de mata atlântica no ES”, publicadas entre os meses de maio e junho de 2005.
Nas matérias são ressaltadas, por exemplo, a destruição da mata atlântica e a incalculável perda de biodiversidade devido à destruição da vegetação nativa, conforme fora denunciado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), na ocasião. Foram denunciadas ainda as ocupações de terras indígenas e quilombolas; o anúncio do governo do Estado de “recuperar” os 600 mil hectares de terras degradadas no Estado com eucalipto; a poluição gerada pela Veracel no sul da Bahia, entre outros impactos gerados pela empresa no norte do Estado e bi sul da Bahia.
Apesar das denúncias, a Aracruz Celulose, que se fundiu com a Votarantim Celulose e Papel (VCP), mudando seu nome para Fibria, ainda quer se expandir no Estado. Durante o anúncio oficial sobre a fusão das empresas, a informação era de que uma quarta fábrica pode ser construída em Barra do Riacho, onde já funcionam as três fábricas da ex-Aracruz Celulose.
A 4ª usina daria à Fibria, que tem novos investimentos também no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e na Bahia, a capacidade produtiva de 6,7 milhões de toneladas adicionais por ano de celulose. Com isso, devem crescer também os plantios da empresa, assim como o “Programa Fomento Florestal”, que incentiva o plantio de eucalipto em pequenas propriedades de produtores rurais.
Além disso, a empresa também anunciou a expansão do Portocel, que fica na Barra do Riacho e sofre com os impactos ambientais, como grandes períodos de seca, que impede os pescadores artesanais de saírem para o mar. Isso ocorre porque a empresa desviou parte do Rio Doce para abastecer suas fábricas. Ao fechar suas comportas, o rio perde força e suas águas não chegam ao mar, deixando a região assoreada e os pescadores sem alternativas de renda. Na região, a Fibria pretende construir três novos quebra-mares, um outro berço para navios e mais dois armazéns.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 04/09/2009)