Passava das 13h de ontem quando os telefones do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Bagé, no sul do Estado, começaram a tocar e não pararam mais. Do outro lado da linha, motoristas incrédulos descreviam um cenário de catástrofe: açoitadas pelo vento, mais de cem árvores despencaram ao longo dos 65 quilômetros da rodovia que liga o município a Aceguá (BR-153). No mesmo horário, o aeroporto de Bagé registrava rajadas de 129,6 km/h.
– A gente teve de se desdobrar para resolver o problema. Conseguimos uma motosserra e nos tocamos para lá – relatou o policial rodoviário federal Luciano Barboza Garcia.
Quando chegaram ao trecho atingido, ainda em meio à tempestade, os inspetores depararam com galhos, folhas e troncos caídos sobre a pista. Também encontraram placas de sinalização derrubadas no asfalto, como se fossem de papelão.
Pelo menos 20 árvores, segundo Garcia, atravessavam na rodovia ou cobriam parte dela – algumas eram eucaliptos centenários, com mais de 10 metros de altura. Outras dezenas de troncos estavam deitados no acostamento e nos matagais vizinhos, onde esmagavam cercas de madeira e danificavam a rede elétrica.
Abaixo de chuva, os policiais iniciaram a retirada da vegetação. Um produtor rural da região ofereceu ajuda e levou alguns funcionários ao local. Com o auxílio de motosserras e de um trator, o grupo conseguiu cortas as toras e retirá-las do caminho, desbloqueando a estrada.
Bagé teve de montar uma central para emergências
Em Bagé, o vendaval também destelhou casas, destruiu muros, derrubou árvores e traumatizou moradores. No quartel dos Bombeiros, chegou a ser montada uma central de atendimento.
Em cerca de duas horas, conforme o comandante da corporação e coordenador da Defesa Cívil no município, capitão Max Geraldo Meinke, haviam sido registradas mais de 80 ocorrências.
– Tivemos muitas casas atingidas por árvores e postes. Algumas até desmoronaram. Só não foi pior, porque o temporal durou menos de meia hora. Foi muita sorte ninguém se ferir – disse o capitão.
De mesma opinião, o motorista Jerri Hope, 37 anos, respirou aliviado por estar fora de casa no momento em que os ventos sopraram com mais violência.
Parte da estrutura da residência, localizada no bairro Tarumã, ficou aos pedaços devido à intempérie. A ventania era tanta no ápice da tormenta que até o desfile de 7 de Setembro, iniciado às 13h no centro da cidade, teve de ser interrompido às pressas.
– O tempo começou a se armar por volta das 12h40min, e muita gente foi embora. Chegou um momento em que não tinha mais como continuar. Muitos se assustaram – contou o prefeito da cidade, Dudu Colombo (PT).
(Zero Hora, 08/09/2009)