Segundo especialistas, má qualidade do ar amplia doenças respiratórias
Eduardo Zandavalli, cinco anos, não pode ter bichos de pelúcia nem cortinas no quarto. O pequeno morador do bairro Mathias Velho sofre de rinite, bronquite e sinusite. A mãe, Marisa da Silva Inácio, 49 anos, conta que o menino está sempre em tratamento. Com a chegada da primavera, o quadro tende a piorar.
Em cidades industrializadas como Canoas, onde o trânsito de veículos é elevado, a reprodução das plantas não é a única vilã. A poluição do ar pode agravar quadros de asma e de doença pulmonar obstrutiva crônica e até causar conjuntivites. O pneumologista da PUCRS Fábio Maraschin Haggstram explica que a primavera provoca um aumento nos índices de doenças alérgicas.
– Quanto maior o índice de poluição, maior o número de atendimento nas emergências.
O engenheiro ambiental José Eduardo Neto, professor da Ulbra, aponta que há poluentes cancerígenos no ar de Canoas. Ele avalia que os congestionamentos na rodovia que corta a cidade são o principal problema, pois é na arrancada que os veículos geram mais emissão.
Segundo os mais recentes boletins da Fepam, que usam dados coletados por técnicos como Iara Brito Martins, a qualidade do ar oscila entre boa e regular. Os adjetivos significam que o nível de alguns poluentes é considerado seguro pela legislação. Mas, com o avanço da ciência, esses patamares têm se tornado mais estreitos.
Um dos diretores regionais da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental do Estado, Eduardo Torres considera uma mobilização necessária para melhorar a situação:
– É preciso estímulo para que os carros antigos sejam retirados do mercado porque emitem mais poluentes.
O secretário de Meio Ambiente, Celso Barônio, admite que não há política local para deter a poluição.
(ZH, 08/09/2009)