A maior bancada suprapartidária existente no Congresso é a Frente Parlamentar Ambientalista. São 256 deputados e 12 senadores. O número, porém, dá uma idéia distorcida da força do "lobby verde" no Legislativo, onde raramente os defensores do meio ambiente vencem uma batalha.
"Na hora do vamos ver, se tivermos 45 votos, a gente já lambe os beiços", ironiza o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. "Alguns parlamentares são voltados para a defesa das florestas, mas não dá para dizer que todos tenham sensibilidade ambiental", admite o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), um dos coordenadores do grupo. "É bem verdade que muitos se associam em busca de um selo verde."
Um exemplo da ausência de atuação conjunta foi a votação da chamada "medida provisória da grilagem", que legalizava a ocupação de terras públicas na Amazônia. Praticamente todas as entidades ambientalistas atacaram a proposta, por considerar que ela premiava o desmatamento irregular e abria brechas para mais devastação.
Isso não impediu que, na Câmara dos Deputados, 136 dos autodeclarados ambientalistas votassem a favor da MP. Na base governista, muitos podem alegar que apenas seguiram a orientação dos líderes de seus partidos. Mas houve até alguns votos de ambientalistas do DEM e do PSDB pela aprovação do projeto.
O ministro Minc observa que, na lista dos chamados verdes, há até integrantes de outra bancada com quem costuma ter enfrentamentos, a dos ruralistas. "Eles não pedem atestado ideológico para ninguém." Partem dos ruralistas os maiores ataques contra as restrições à derrubada de árvores em áreas de plantio tradicional e nas chamadas fronteiras do agronegócio, onde o avanço da soja e da pecuária é acompanhado de devastação ambiental.
"Segundo pesquisas, 92% dos eleitores dizem que iriam punir no voto os parlamentares vilões do meio ambiente. Mas quem é que conhece o comportamente deles? Só os mais formados fazem isso", lamenta Roberto Smeraldi, diretor da organização não governamental Amigos da Terra.
(O Estado de S.Paulo / IHUnisinos, 06/09/2009)