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adaptação à mudança climática cop/unfccc
2009-09-07

Assinada por mais de 150 nações, declaração final da Conferência Climática Mundial formaliza a criação de uma nova rede para melhorar a previsão de fenômenos climáticos e divulgar tais informações com mais eficiência para todo o mundo

Diante de desastres como tornados, ciclones e tempestades cada minuto conta para salvar vidas. De forma semelhante, alertas sobre longas estiagens ajudam a preparar as pessoas para o problema que enfrentarão e facilita as decisões políticas para contornar a crise.

Com o objetivo de antecipar cada vez mais a previsão desses fenômenos, que segundo especialistas devem se tornar cada vez mais freqüentes e intensos devido as mudanças climáticas, representantes de 155 países assinaram em Genebra, na Suíça, durante a terceira Conferência Climática Mundial (WCC-3), um documento que formaliza a criação da Estrutura Global para Serviços Climáticos (Global Framework for Climate Services).

Segundo a declaração final da conferência, a Estrutura Global fortalecerá a produção, a distribuição, o acesso e a aplicação de previsões e serviços climáticos. O próximo passo para a sua implementação será criar, dentro de quatro meses, uma força tarefa de conselheiros independentes que deverá preparar um relatório em um ano com recomendações e sugestões.

O relatório será então enviado para os membros da Organização Mundial Meteorológica (OMM) para colocar a Estrutura Global em funcionamento após o Congresso da OMM em 2011. "Esta conferência foi um marco para tornar os serviços climáticos disponíveis para todos. Mas o trabalho está apenas começando para estabelecer um sistema que garanta informações para todos os setores que precisam planejar seu futuro diante das mudanças climáticas”, afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

Os mais de dois mil cientistas presentes na WCC-3 apoiaram o desenvolvimento da Estrutura Global para Serviços Climáticos e recomendaram que: o sistema de observação climática global e seus componentes sejam incrementados, encorajando assim o intercâmbio e o acesso à informação; o programa de pesquisa climática mundial receba mais recursos, para aumentar a interação com outras iniciativas de pesquisas climáticas; serviços climáticos de informação tirem vantagem dos acordos nacionais e internacionais já existentes; sejam criados mais mecanismos de comunicação que facilitem a troca de informação entre os provedores e os usuários dos serviços meteorológicos; sejam usados programas de educação, treinamentos para melhorar a capacidade de desenvolvimento.

Segundo meteorologistas, a Estrutura Global poderá ajudar na previsão do clima de forma quase revolucionária, o que antes podia ser antecipado em dias ou semanas poderá ser previsto com temporadas ou até décadas de antecedência.  Para a OMM, o sistema também ajudará a preencher lacunas nas observações em regiões mais pobres, como a África. Além disso, a maior disponibilidade de informações deve moldar futuras decisões sobre água, agricultura, pesca, saúde, transporte, turismo, energia e preparação para desastres naturais. “A estrutura almeja fortalecer as observações e monitorações climáticas, transformando a informação em produtos e aplicações, e disseminando-os de uma maneira mais eficiente”, afirmou o presidente da OMM, Alexander Bedritsky.

Entre 1991 e 2005, desastres naturais mataram 960 mil pessoas e o prejuízo econômico chegou a US$ 1,19 trilhão. Nove de cada dez desastres nos últimos 50 anos foram causados por eventos climáticos extremos.
 
Copenhague
A criação da Estrutura Global está sendo considerada um passo importante para que a Conferência Climática de Copenhague, na qual deve ser definido um novo tratado que substituirá o Protocolo de Quioto em 2012, tenha sucesso. “Nós chegamos a um consenso e conseguimos um documento importante. O fato de que a WCC-3 foi bem sucedida reforça as esperanças para Copenhague” disse o ministro de Transporte, Energia e Meio Ambiente da Suíça Moritz Leuenberger.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, também se mostrou entusiasmado com o resultado. “O conhecimento científico deve ser a base para as políticas climáticas mundiais, tanto para a mitigação quanto para a adaptação para os inevitáveis impactos das mudanças climáticas. Esta nova rede meteorológica é um importante salto para o fortalecimento da aplicação da ciência em decisões locais, regionais, nacionais e internacionais”, concluiu.

(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 05/09/2009)


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