Resultado da incorporação da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel (VCP), a Fibria foi apresentada oficialmente como a maior fabricante de celulose de mercado do mundo. A nova empresa nasce com receita líquida estimada em R$ 6 bilhões, capacidade de produção de 5,8 milhões de toneladas e 15 mil funcionários.
Quanto aos dois projetos de instalar fábricas no Rio Grande do Sul, anunciados pela Aracruz e pela VCP, a formação da nova empresa aparentemente não muda o cenário desenhado no começo deste ano, quando ambas as companhias pisaram no freio devido à queda mundial do preço da celulose, à contração da demanda e ao endividamento com a repentina desvalorização do real em relação ao dólar.
A duplicação da unidade da Aracruz em Guaíba é o projeto número 1 da lista de investimentos da Fibria, informou ontem Walter Lídio Nunes, que agora responde pela diretoria executiva de operações florestais, desenvolvimento de pesquisas e tecnologia e novos projetos da empresa apresentada ontem.
– Já foram investidos US$ 650 milhões no projeto. O cancelamento não faz sentido – afirmou Nunes.
Projetos serão implementados segundo condições do mercado
Mas o executivo acrescentou que a paralisação e a retomada do projeto em 2011 foram negociadas com credores e fornecedores e que, apesar de o preço da celulose ter ganhado cerca de US$ 100 desde o auge da crise internacional, não há no momento razões para antecipar o desengavemento da fábrica. Da mesma forma, outro projeto no Estado, o Losango, da VCP, é reafirmado pela Fibria, mas sem data para começar a sair do papel. Somados, os dois representariam quase US$ 4 bilhões.
A direção da empresa informou também que os projetos de expansão já anunciados deverão ser implementados, dependendo das condições do mercado, expandindo sua capacidade produtiva em até 6,7 milhões de toneladas de celulose, o que resultaria em outros 9 mil postos de trabalho. A Fibria será comandada por Carlos Aguiar, antigo presidente da Aracruz. O conselho de administração vai ser presidido por José Luciano Penido, até então presidente da VCP.
Com áreas de plantio no Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Bahia, a Fibria tem base florestal total de 1,3 milhão de hectares, dos quais 461 mil hectares destinados à preservação permanente. No Estado, a companhia conta com 335 mil hectares de florestas, sendo 179 mil hectares plantados e 139 mil preservados.
Em um primeiro momento, o controle da empresa está nas mãos do BNDESPar, com 34,9% de participação que, no entanto, deverá ser reduzida nos próximos anos.. O grupo Votorantim tem 29,3%, e 35,8% das ações são negociadas no mercado
(OngCea, 05/09/2009)