Ministros das Finanças não chegaram a acordo para documento pós-Kioto. Negociações vão ser retomadas em dezembro em Copenhague.
As diferenças entre países ricos e em desenvolvimento impediram neste sábado (05/09) que os ministros das Finanças do G20 chegassem a um acordo sobre medidas contra o aquecimento global. O impasse colocou em xeque os esforços das Nações Unidas para um novo tratado sobre a questão climática. Os países industrializados fizeram progresso no tema do financiamento às medidas, mas encontraram oposição dos países emergentes, como China e Índia, que temem que as propostas possam prejudicar seu crescimento econômico, segundo fontes na reunião.
No comunicado divulgado neste sábado, os ministros disseram que vão trabalhar para tentar chegar a um consenso sobre o tema em uma reunião da ONU que vai ocorrer em dezembro em Copenhague, cujo objetivo será esboçar um novo tratado para suceder o Protocolo de Kioto. O ministro britânico das Finanças, Alistair Darling, disse que houve discussão "muito substancial" sobre o assunto, mas não se chegou a medidas específicas. O ministro sueco, Anders Borg, que representou a União Europeia, concordou que o resultado foi "insatisfatório".
Estímulo à economia
Os ministros das Finanças do G20 concordaram neste sábado (5) em Londres com o prosseguimento dos planos de estímulo adotados nos últimos 12 meses até que a recuperação esteja assegurada, ao mesmo tempo que se declararam prudentes sobre as perspectivas para o crescimento e o emprego. "Continuaremos aplicando de forma decisiva nossas necessárias medidas de apoio financeiro e políticas fiscais expansionistas (...) até que a recuperação esteja assegurada", afirmaram os ministros das potências desenvolvidas e emergentes em um comunicado divulgado ao fim da reunião.
"Os mercados financeiros estão se estabilizando e a economia global está melhorando, mas seguimos prudentes sobre as perspectivas para o crescimento e o emprego", completa a nota, que manifesta uma preocupação particular pelo impacto nos países mais pobres. Os ministros também chegaram a um acordo sobre a necessidade de regulamentar os bônus bancários, aceitando os princípios de diferir o pagamento de que possam ser recuperados no caso de resultados ruins. Eles encarregaram o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB na sigla em inglês) de apresentar as propostas à reunião de chefes de Estado e de Governo de 24 e 25 de setembro em Pittsburgh.
Na cidade americana também esperam alcançar "progressos significativos" na reforma para conceder um maior peso no Fundo Monetário Internacional (FMI) às nações emergentes e em desenvolvimento, questão que dividia os países do G20. No mesmo âmbito, o G20 Finanças destacou "grandes progressos" no fortalecimento das Instituições Financeiras Internacionais (IFIs) e indicou que estava perto de obter os 850 bilhões de dólares de recursos suplementares aceitos em abril pela reunião de cúpula de chefes de Estado de Londres.
Ao mesmo tempo, o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, anunciou que a instituição obteve os 500 bilhões de dólares de recursos adicionais decididos na reunião de chefes de Estado do G20 em abril. Os ministros se declararam ainda dispostos a punir os paraísos fiscais que não cumprirem as regras internacionais a partir de março de 2010.
(G1, 05/09/2009)