A Petrobras decidiu adiar a busca por reservas do pré-sal na Bacia do Jequitinhonha, na Bahia, que era encarada como uma das apostas da companhia no esforço pela descoberta de novas fronteiras petrolíferas no Brasil. A empresa decidiu rever o programa exploratório do bloco exploratório BM-J-3, desistindo de atingir a camada de sal no primeiro poço perfurado na área. Localizado no litoral sul do Estado, o bloco já tem uma descoberta de gás natural, encontrada por meio de poço batizado de Lua Nova.
A companhia não informou as razões para a mudança. A alteração foi aprovada em reunião de diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizada no mês passado. O BM-J-3 foi arrematado pela Petrobras e pela norueguesa Statoil na 4ª Rodada de Licitações da ANP, em 2002. Em maio de 2008, o consórcio foi autorizado pela agência a alterar o plano exploratório previsto em contrato, passando a perfurar apenas um poço com objetivo no pré-sal, ao invés dos dois previstos inicialmente.
O poço Lua Nova é "produtor de gás", segundo a empresa informou ao órgão regulador. Em maio, porém, o diretor de exploração e produção da companhia, Guilherme Estrella, já demonstrava desânimo com relação à possibilidade de atingir o pré-sal na região, ao afirmar em evento que o poço "não surtiu os efeitos desejados". "Não dá para dizer que o poço não deu em nada. Pelo menos informações geológicas para complementar estudos sobre aquela área", completou.
Embora a área conhecida atualmente como pré-sal se estenda entre Santa Catarina e o Espírito Santo, geólogos dizem que há potencial de reservas abaixo do sal em outras bacias brasileiras. Não há, porém, informações geológicas que permitam confirmar ou negar esse potencial. Os trabalhos no BM-J-3 eram a primeira aposta da Petrobras nesse sentido.
"Os reservatórios no Jequitinhonha são diferentes dos reservatórios da Bacia de Santos e vão exigir ainda um período de aprendizado. Pode ser que a Petrobras não tenha encontrado um reservatório produtor no pré-sal do BM-J-3 e prefira agora focar no pós-sal", explicou um especialista, que pediu para não ser identificado. O prazo exploratório do bloco termina em 2010.
(Por Nicola Pamplona, Agência Estado, 03/09/2009)