O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrou nesta quinta-feira (03/09) mais empenho na negociação do novo tratado climático global, para evitar o que segundo ele seria um desastre econômico caso o nível dos mares suba até 2 metros ao longo deste século. "Pagaremos um preço elevado se não agirmos," disse ele em uma conferência climática de 155 países em Genebra. "A mudança climática pode provocar um desastre econômico generalizado," afirmou, defendendo um crescimento mais ambientalmente correto para o planeta.
O novo tratado climático, que irá substituir o Protocolo de Kyoto após 2012, está sendo negociado em várias reuniões, para ser aprovado no encontro ministerial de Copenhague em dezembro. "Até o final deste século, o nível dos mares pode subir entre meio metro e dois metros," disse ele. Isso ameaçaria pequenos países insulares, deltas de rios e cidades como Tóquio, Nova Orleans e Xangai, segundo ele.
A projeção apresentada por ele está acima da previsão de aumento de 18 a 59 centímetros no nível do mar, citada em 2007 por uma comissão de especialistas da ONU. Essas estimativas, no entanto, não incluíam a possibilidade de um degelo mais acelerado da Antártida e da Groenlândia. Ele disse que as emissões de gases do efeito estufa continuam crescendo rapidamente, apesar das promessas dos governos no sentido de contê-las. "Nosso pé está cravado no acelerador, e estamos rumando para o abismo," disse ele. "Não podemos nos dar ao luxo de um progresso limitado. Precisamos de um progresso rápido," disse ele, afirmando que já viu os impactos da mudança climática na visita que fez nesta semana à camada de gelo do oceano Ártico na costa da Noruega.
Ban disse esperar que a cúpula de líderes mundiais que ele comandará em 22 de setembro em Nova York dê um novo ímpeto para as negociações com vistas ao tratado de Copenhague. "O apoio político para a ação climática está crescendo. Mas ainda não com a rapidez suficiente," disse ele a uma plateia que incluía cerca de 20 líderes mundiais, a maioria oriundos de países em desenvolvimento, como Tanzânia, Bangladesh e Moçambique, e ministros de cerca de 80 paises.
Os líderes de países pobres pediram mais ajuda financeira e tecnologias limpas. O presidente da Etiópia, Girma Woldegiorgise, afirmou que os países africanos estão sendo afetados pela mudança climática apesar de quase não terem contribuído com o problema, já que a maior parte das emissões de gases do efeito estufa é resultado da queima de combustíveis fósseis em nações industrializadas.
Os países em desenvolvimento querem que os países ricos se comprometam com cortes mais profundos até 2020 e que ofereçam mais ajuda. Já os países ricos querem que as nações em desenvolvimento se comprometam com metas mais claras em relação ao clima. A conferência climática de Genebra, entre 31 de agosto e 4 de setembro, reúne cerca de 1.500 delegados. Ela aprovou formalmente a meta de criar um novo sistema para melhorar o monitoramento e informação sobre o clima, de modo a ajudar amplos setores, como a agricultura e os investidores em energia.
(Por Alister Doyle e Sven Egenter, UOL Reuters, 03/09/2009)