Crescimento da frota de veículos até 2014 anulará redução da poluição, diz conselheiro do Conama
Para o conselheiro do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) Carlos Bocuhy, não adianta fixar uma redução na emissão de poluentes atmosféricos se o número de carros no país só aumenta. Segundo Bocuhy, a melhora conseguida pela queda de 33% nos poluentes emitidos por carros prevista para 2014 pode ser neutralizada pelo crescimento do número de veículos nos próximos anos.
"Assistimos a um aumento da frota com menos garantias à saúde. Há um descompasso entre as políticas públicas", disse o especialista, se referindo aos incentivos dados pelo governo para que a população continue comprando carros novos, como redução de IPI.
De acordo com Bocuhy, o ideal é que o prazo para a restrição das emissões de poluentes fosse mais curto. Um dos obstáculos para que isso aconteça é a necessidade de as montadoras disporem da tecnologia necessária para desenvolver carros menos poluentes. O argumento, no entanto, só vale até certo ponto, uma vez que no exterior já existe tecnologia para isso e os investimentos na área ajudariam a acelerar o processo.
Globalização
Bocuhy também afirma que prazos extensos desconsideram a quantidade de mortes provocadas pelo excesso de poluição e não levam em conta que medidas ambientais como essa estão baseadas na proteção da saúde pública, que deveria ser tratada com urgência.
"Não sou da área da tecnologia, mas, em situações em que houve necessidade de implementação de novas tecnologias, a humanidade andou muito rápido", disse o conselheiro. A tendência é que a questão da emissão dos poluentes dos veículos seja padronizada na produção do mundo todo para facilitar as importações e exportações dos automóveis.
(Por Mariana Barros, Folha de S. Paulo, 03/09/2009)