As políticas energéticas, que visam a redução das emissões de gases com efeito de estufa nos EUA, podem, também, aumentar a quantidade de terras e habitats naturais afetados pela produção de energia. Isto em razão do aumento da demanda de área para geração de energia hidrelétrica, solar e eólica, em substituição à geração termelétrica por carvão. É o que afirmam pesquisadores no estudo “Energy Sprawl or Energy Efficiency: Climate Policy Impacts on Natural Habitat for the United States of America“, publicado na PLoS ONE.
Os autores estimaram os impactos, em termos de demanda por terras, para várias técnicas de produção de energia em 2030, identificando que a energia nuclear, carvão e geotérmica exigem o mínimo de área. Energia eólica e solar utilizam, proporcionalmente, mais espaço, seguido por biocombustíveis e queima de biomassa para a produção de eletricidade. Por exemplo, produção de biodiesel de soja aumentará de 788 para 1.000 Km2 para gerar a mesma quantidade de energia de 1,9 / 2,8 Km2 reservados para a energia nuclear.
Políticas que reduzam as emissões tendem a resultar em maior uso de terras para a energia, dizem os autores. Independentemente da legislação específica, no entanto, estimam que a produção de energia irá afetar, pelo menos, mais 206.000 Km2 em 2030. Florestas temperadas decíduas e campos temperados provavelmente serão os mais atingidas, enquanto habitats tais como florestas e áreas alagadas serão relativamente imunes à nova demanda.
Os pesquisadores apenas consideraram a área efetivamente destinada à geração de energia, tal como a área total de uma hidrelétrica (instalações e barragem), o que causa uma distorção na energia nuclear, tendo em vista que a área do entorno de uma central nuclear não foi contabilizada, mesmo estando na área de impacto secundário ou na área de evacuação em caso de acidente.
A questão da demanda por terras possui implicações severas em países com pequena área disponível para um eventual aumento da área destinada à geração de energia. Por outro lado, os autores dizem que, em qualquer circunstância e para qualquer forma de geração, será recomendável a utilização de terras severamente degradadas ou com baixa densidade populacional ou com biodiversidade já severamente afetada pela ação humana.
O artigo “Energy Sprawl or Energy Efficiency: Climate Policy Impacts on Natural Habitat for the United States of America”, de McDonald, R., Fargione, J., Kiesecker, J., Miller, W., & Powell, J. (2009), publicado na PLoS ONE, 4 (8) DOI: 10.1371/journal.pone.0006802, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.
(Por Henrique Cortez, EcoDebate, 31/08/2009)