A persistência metabólica dos níveis atuais de ácido fólico, encontrados na população da Irlanda, indica que a fortificação obrigatória de alimentos pode resultar em uma ‘overdose’ e, um risco potencial à saúde. Um novo estudo [Persistent circulating unmetabolized folic acid in a setting of liberal voluntary folic acid fortification. Implications for further mandatory fortification?] , publicado no periódico BMC Public Health, descobriu que a maioria das mães e bebes já obtém suplementação suficiente de ácido fólico em alimentos enriquecidos voluntariamente.
Neste momento, as autoridades de saúde da Irlanda discutem a biofortificação obrigatória com ácido fólico e, em razão disto, os pesquisadores estudaram 50 amostras de sangue obtidas do sistema público de doação de sangue (Irish Blood Transfusion Service), bem como amostras de 20 mães e do cordão umbilical de 20 crianças do Coombe Women’s and Infants’ University Hospital, em Dublin.
De acordo com os pesquisadores: “Um estudo recente sugeriu que o consumo excessivo de ácido fólico pode aumentar o risco de câncer de próstata e de recorrência de carcinoma mais grave de adenoma. Temos de começar a explorar o quanto metabolização do ácido fólico está presente no povo irlandês, expostos ao a uma grande gama de alimentos ‘voluntariamente’ enriquecidos, e de prever o aumento dos níveis deve ser introduzido por uma política de fortificação obrigatória “.
O ácido fólico e outros micronutrientes foram adicionados, em uma base voluntária, em cereais matinais, pães e outros produtos, na República da Irlanda durante mais de 15 anos, para sanar o risco de ingestão inadequada ou insuficiente. Neste estudo os pesquisadores descobriram que o ácido fólico não metabolizado esteve presente na maioria de sua amostra.
Segundo eles isto implica uma exposição constante de ambas as células normais e células tumorais em potencial para a pró-vitamina A entre os consumidores irlandeses. As consequências do aumento do consumo de ácido fólico ainda são desconhecidas, mas, de acordo com os investigadores, “este deve continuar a ser motivo de preocupação para os responsáveis pela elaboração de legislação nesta área”.
A questão também é importante no Brasil, não apenas porque o ácido fólico é um suplemento frequentemente prescrito, como também é amplamente presente na suplementação por automedicação, o que pode implicar em superdosagens.
O artigo “Persistent circulating unmetabolized folic acid in a setting of liberal voluntary folic acid fortification. Implications for further mandatory fortification?“, por Mary R Sweeney, Anthony Staines, Leslie Daly, Aisling Traynor, Sean Daly, Steve W Bailey, Patricia B Alverson, June E Ayling and John M Scott, publicado na BMC Public Health 2009, 9:295doi:10.1186/1471-2458-9-295, foi publicado como Open Access e está disponível para acesso no formato PDF.
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(Por Henrique Cortez, EcoDebate, 24/08/2009)